Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora a Primeira Biografia de Tomás de Celano. Da sua pregação em Áscoli, e de como doentes eram curados por objetos tocados por sua mão.
Tinha a mesma afeição para com os peixes e, nas oportunidades que teve, devolveu-os à água, aconselhando-os a tomarem cuidado para não serem pescados outra vez. Numa ocasião em que estava numa barca junto ao porto do lago de Rieti, um pescador pegou um peixe muito grande, desses que chamam de tenca, e lhe deu de presente com devoção. O santo recebeu-o com alegria e bondade, começou a chamá-lo de irmão e, colocando-o na água fora da barca, pôs-se a abençoar devotamente o nome do Senhor. Enquanto o santo rezava, o peixe ficou brincando na água, sem se afastar do lugar em que tinha sido posto, até que, no fim da oração, o santo lhe deu licença para ir embora. Foi assim que o glorioso pai São Francisco, andando pelo caminho da obediência e escolhendo com perfeição o jugo da submissão a Deus, recebeu diante do Senhor a grande dignidade de ser obedecido pelas suas criaturas. Uma vez até a sua água foi mudada em vinho, quando esteve muito doente na ermida de Santo Urbano. Quando o provou, sarou com tanta facilidade que todos acreditaram que era um milagre, como foi de verdade. Só pode ser santa uma pessoa a quem as criaturas obedecem e à cuja vontade até os outros elementos se transformam. No tempo em que contamos que pregou aos pássaros, andava o venerável Pai pelas cidades e povoados e, espalhando as sementes de bênção por toda parte, chegou à cidade de Ascoli. Pregou aí com todo o fervor, como costumava e, pela mão de Deus, o povo quase todo ficou tão cheio de graça e devoção para ouvi-lo e vê-lo que se atropelavam uns aos outros. Nessa ocasião, trinta homens, clérigos e leigos, receberam de sua mão o hábito da Ordem. Tanta era a fé dos homens e das mulheres, e tão grande a devoção pelo santo de Deus, que se tinha por feliz quem conseguia pelo menos tocar-lhe a roupa. Quando entrava em alguma cidade, alegrava-se o clero, os sinos tocavam, exultavam os homens, festejavam as mulheres, as crianças batiam palmas e, muitas vezes, cortando ramos das árvores, iam cantando ao seu encontro. Cobria-se de confusão a perversa heresia, triunfava a fé da Igreja e, enquanto os fiéis rejubilavam, os hereges se escondiam. Pois nele se viam tantos sinais de santidade que ninguém ousava contradize-lo, porque a multidão só olhava para ele. Ele mesmo insistia acima de tudo na conservação, respeito e prática da doutrina da santa Igreja Romana, na qual somente está a salvação para todos os que devem ser salvos. Venerava os sacerdotes e reverenciava com profundo afeto toda a hierarquia eclesiástica. As pessoas apresentavam-lhe pães para benzer, guardavam-nos por muito tempo e, saboreando-o, saravam de diversas doenças. Do mesmo jeito, muitas vezes, levados pela maior fé, cortavam sua túnica, de modo que às vezes ficava quase despido. E o que é mais de admirar, se o santo Pai tocasse alguma coisa com a mão, também por ela devolvia-se a saúde a algumas pessoas. Uma mulher de um povoado perto de Arezzo estava grávida. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.