Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora a Primeira Biografia de Tomás de Celano. Lamento dos frades e sua alegria ao vê-lo portando os sinais da cruz, e das asas do Serafim.
Com as duas últimas asas, devemos envolver o corpo despido de merecimentos. Nós o conseguimos se, todas as vezes que tiver sido despido pelo pecado, o revestirmos de inocência pela contrição e a confissão. Suas penas são os múltiplos afetos que nascem da execração do pecado e da sede de justiça. O bem-aventurado pai São Francisco, que teve a imagem e a forma de um Serafim, fez tudo isso com perfeição, porque perseverou na cruz e mereceu voar para a altura dos espíritos sublimes. Viveu sempre na cruz, sem fugir jamais das fadigas ou sofrimentos, para poder cumprir por si mesmo e na sua pessoa a vontade de Deus. Os frades que conviveram com ele sabem, além disso, que estava todos os dias e a toda hora falando sobre Jesus, e com seu jeito de falar era doce, suave, bondoso e cheio de amor. Falava da abundância do coração, e estava sempre transbordando a fonte de amor iluminado que lhe enchia todo o interior. Tinha Jesus de muitos modos: levava sempre Jesus no coração, Jesus na boca, Jesus nos ouvidos, Jesus nos olhos, Jesus nas mãos, Jesus em todos os outros membros. Quantas vezes, sentado para o almoço, esquecia o alimento corporal se ouvia o nome de Jesus, ou o mencionava, ou pensava nele. Como lemos a respeito de um santo: “Olhava, mas não via; ouvia, mas não escutava”. Também foram muitas as vezes em que estava viajando e, pensando em Jesus ou cantando para ele, esquecia- se do caminho e convidava todas as criaturas a louvarem a Jesus. E porque conservava sempre com amor admirável em seu coração Cristo Jesus, e Jesus crucificado, foi marcado por seu sinal com uma glória superior à de todos os outros. Em êxtases, contemplava-o numa glória indizível e incompreensível, sentado à direita do Pai, com o qual, Filho do Altíssimo e igualmente Altíssimo, na unidade do Espírito Santo vive e reina, vence e impera, Deus eternamente glorioso por todos os séculos dos séculos. Amém. Os frades seus filhos, que tinham acorrido com toda a multidão das cidades vizinhas, contentes por participar de tão solene funeral, passaram toda aquela noite em que morreu o santo Pai dando louvores a Deus: pela suavidade do júbilo e pela claridade das luzes até parecia que eram os anjos a velar. Quando amanheceu, juntou-se a multidão de Assis com todo o clero e, carregando o sagrado corpo do lugar em que morrera, levaram-no para a cidade entre hinos e louvores, tocando trombetas. Cada um levava um ramo de oliveira ou de outras árvores e seguiam solenemente o enterro, com muitas luminárias e cantando louvores em alta voz. Quando o cortejo, formado pelos filhos que levavam o pai e pelo rebanho que acompanhava o pastor em busca do Pastor supremo, chegou ao lugar em que ele tinha fundado a Ordem das santas virgens e senhoras pobres, depositaram-no na igreja de São Damião, em que moravam aquelas suas filhas, por ele conquistadas para o Senhor. Abriu-se então a janelinha pela qual as servas de Deus costumavam receber a comunhão no tempo determinado. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.