Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora Tomás de Celano. Sobre o soldado pobre que ele vestiu e sobre a visão de sua vocação que teve no século.
Um dia encontrou um cavaleiro pobre e quase nu, ficou com pena e, levado pelo amor de Cristo, deu-lhe generosamente a roupa elegante que estava vestindo. O que fez menos do que o santíssimo Martinho, a não ser que, embora tivessem o mesmo modo de pensar e de agir, foram diferentes no modo? Este deu primeiro as vestes e depois o resto; aquele, tendo dado tudo primeiro, deu a roupa no final: ambos viveram pobres e moderados no mundo, ambos entraram ricos no céu. Aquele, soldado, mas pobre, vestiu um pobre com uma parte de sua roupa. Este, que não era soldado, mas rico, vestiu com uma roupa boa um pobre soldado. Ambos, por terem obedecido ao mandamento de Cristo, mereceram uma visão de Cristo: Um foi louvado pela perfeição e o outro recebeu um convite muito honroso para o que ainda tinha que fazer. De fato, pouco depois, teve a visão de um esplêndido palácio, em que encontrou toda sorte de armas e uma noiva belíssima. No sonho, foi chamado pelo nome de Francisco e seduzido pela promessa de possuir todas aquelas coisas. Tentou, por isso, ir à Apúlia para entrar no exército e, tendo preparado com muita largueza tudo que era preciso, apressou-se para receber o grau da honra militar. Seu espírito carnal sugeria-lhe uma interpretação carnal da visão que tivera, quando nos tesouros da sabedoria de Deus ocultava-se algo muito mais preclaro. Foi assim que, uma noite, estando a dormir, alguém lhe falou pela segunda vez em sonhos, interessado em saber para onde estava indo. Contou-lhe seus planos e disse que ia combater na Apúlia, mas foi solicitamente interrogado por ele: – “Quem lhe pode ser mais útil: o senhor ou o servo? ” – “O senhor”, respondeu Francisco. E ele: “Então, por que preferes o servo ao senhor? ” – “Que queres que eu faça, Senhor (cfr. At 9,6)? ” Perguntou Francisco. E o Senhor: – “Volta para a terra em que nasceste (cfr. Gn 32,9), porque é espiritualmente que vou fazer cumprir a visão que tivestes”. Voltou imediatamente, já feito exemplo de obediência e, deixando de lado a própria vontade, passou de Saulo a Paulo. Paulo foi derrubado e os duros castigos produziram palavras doces; Francisco trocou as armas materiais pelas espirituais, e recebeu o comando de Deus no lugar da glória militar. Aos muitos que se admiravam de sua invulgar alegria, dizia que haveria de ser um grande príncipe. Começou a transformar-se num homem perfeito (cfr. Ef 4,13) e passou a ser outra pessoa. De volta para casa, foi seguido pelos filhos de Babilônia, que tentavam levá-lo para onde não queria, mesmo contra sua vontade. Porque um grupo de jovens de Assis, que antes o tinha tido como líder de suas aventuras, continuou a convidá-lo a seus banquetes, em que sempre se serviam lascívia e chocarrices. Escolheram-no como chefe, porque tinham tido mais vezes experiência de sua liberalidade e não tinham dúvida de que pagaria as despesas de todos. Obedeciam para encher a barriga e se submetiam para poder saciar-se. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.