Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora Tomás de Celano. Como o grupo dos jovens colocou-o como seu senhor, para que os alimentasse, e sobre sua transformação.
Obedeciam para encher a barriga e se submetiam para poder saciar-se. Não rejeitou a honra que lhe ofereciam para não parecer avarento e, mesmo absorvido em suas santas reflexões, não esqueceu a cortesia. Preparou um banquete suntuoso e mandou servir iguarias em abundância. Saturados a ponto de vomitar, mancharam as praças da cidade com suas canções de bêbados. Francisco acompanhava-os como comandante levando o cetro na mão, mas, devagar, foi se distanciando deles no corpo, ele quer que já tinha ficado surdo àquelas coisas com toda a mente, cantando ao Senhor em seu coração. Como ele mesmo contou, foi tamanha a doçura divina que sentiu nessa ocasião, que não conseguia falar e mal podia mover-se do lugar. Invadira-o um afeto espiritual que o arrebatou para as realidades invisíveis, diante das quais achou que todas as coisas da terra eram absolutamente frívolas, sem valor nenhum. Estupenda bondade de Deus, que aos que fazem as coisas menores dá as maiores, e no meio de um dilúvio de águas caudalosas (cfr. Sl 31,6) preserva e promove o que é seu. Cristo alimentou com pães e peixes a multidão e não repeliu os pecadores de sua mesa. Convidado para ser rei, fugiu e subiu à montanha para rezar. São mistérios de Deus, que Francisco entendeu e que, embora ignorante, foi levado ao conhecimento perfeito. Passou a ser, então, o maior amigo dos pobres, e seu santo começo fazia entrever a perfeição que haveria de atingir mais tarde. Muitas vezes despiu-se para vestir os pobres, procurando assemelhar-se a eles se não de fato, nesse tempo, pelo menos de todo coração. Numa peregrinação a Roma, o amor da pobreza levou-o a tirar sua roupa luxuosa e a vestir a de um pobre. Juntou-se alegremente aos mendigos no átrio da igreja de São Pedro, onde são numerosos, e comeu avidamente com eles, sentando-se alegre no meio deles e sentindo-se como um deles. E se não fosse pela vergonha de conhecidos, teria feito a mesma coisa muitas outras vezes. Diante do altar do príncipe dos apóstolos, admirado de serem tão poucas as esmolas lá deixadas pelos visitantes, jogou uma mão cheia de dinheiro, para mostrar que devia ser especialmente honrado por todos aquele que por Deus foi honrado acima de todos os demais. Muitas vezes presenteou sacerdotes pobrezinhos com paramentos sagrados, pois prestava a todos a devida honra, mesmo nos graus mais inferiores. Absolutamente íntegro na fé católica e destinado a receber uma missão apostólica, sempre teve a maior reverência para com os ministros de Deus e os seus ministérios. Sob a roupa secular já tinha espírito religioso e preferindo aos lugares públicos os solitários, era frequentemente visitado por inspirações do Espírito Santo. Sua fundamental doçura o atraíra e arrebatara, tão transbordante desde o início, que nunca mais o abandonou durante toda a vida. Mas quando frequentava lugares escondidos por serem melhores para a oração, o demônio tentava perturbá-lo com diabólica falsidade. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.