Franciscologia

Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora Tomás de Celano. Sobre a perseguição do pai e do irmão carnal.

 Pouco depois, o amor do coração padeceu pelas feridas do corpo. Mas desde essa época foi incapaz de conter o pranto, e chorou a paixão de Cristo, colocada quase sempre diante de seus olhos. Enchia os caminhos de gemidos, e não admitia consolação alguma lembrando-se das chagas de Cristo. Um dia encontrou um amigo íntimo e também o levou a chorar amargamente quando contou a causa de sua dor. Mas não se esqueceu de cuidar daquela santa Imagem nem deixou, por alguma negligência, de obedecer a sua ordem. Na mesma hora deu dinheiro a um padre para comprar uma lâmpada e óleo, para que a imagem não ficasse um só momento sem a devida honra de luz. E, sem preguiça, tratou de fazer o resto, trabalhando sem cessar na reparação daquela igreja. Porque, embora lhe tivesse sido falado divinamente da Igreja de Cristo conquistou com seu próprio sangue, não quis ir de repente ao alto, porque devia passar aos poucos da carne para o espírito. Já entregue às obras de piedade, foi perseguido por seu pai que, julgando uma loucura seu serviço a Cristo, despedaçava-o por toda parte com maldições. Por isso o servo de Deus tomou como pai um homem do povo, muito simples, e pediu que lhe desse a bênção cada vez que seu pai o amaldiçoasse. Executou, assim, concretamente, demonstrando-o com fatos, o que foi dito pelo profeta: “Eles amaldiçoarão e tu abençoarás” (cfr. Sl 108,28). Devolveu ao pai o dinheiro que, como homem de Deus, gostaria de ter gasto na reforma daquela igreja. Fez isso a conselho do bispo da cidade, homem muito piedoso, que lhe disse não ser lícito gastar em coisas sagradas bens mal adquiridos. E disse, na frente de muitas pessoas que se tinham ajuntado: “Agora poderei dizer livremente: Pai nosso, que estais nos céus, e não pai Pedro de Bernardone, a quem devolvo tanto o dinheiro como a minha roupa toda. Irei nu para o Senhor”. O homem de alma livre, para quem só Cristo já era suficiente! Descobriu-se que o homem de Deus usava então um cilício embaixo da roupa, alegrando-se mais com a existência do que com a aparência das virtudes. Seu irmão de sangue também o perseguia com palavras envenenadas, a exemplo do pai. Numa manhã de inverno, vendo Francisco a orar coberto de trapos e tremendo de frio, disse com perversidade a um concidadão: “Pede a Francisco para te vender um tostão de suor”. Ouvindo isso, o homem de Deus se alegrou muito e respondeu sorrindo: “De fato, vou vendê-lo muito caro ao meu Senhor”. Nada mais verdadeiro, porque recebeu não só o cêntuplo, mas também mil vezes mais neste mundo, e ainda ganhou, no mundo futuro, a vida eterna não só para si mas para muitos outros. Cuidou de reformar seus anteriores costumes delicados e de reduzir ao bem seu corpo desregrado. O homem de Deus andava um dia por Assis, mendigando óleo para preparar as lâmpadas na igreja de São Damião, que estava reparando nesse tempo. Dando com uma porção de pessoas a se divertir na porta da casa em que queria entrar, ficou envergonhado e se afastou. …

Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.

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