Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Do irmão sobre o qual viu um diabo; contra os que se afastam da unidade.
Invejoso de suas virtudes, o pai de toda inveja quis cortar a árvore que já estava tocando os céus e arrancar a coroa de suas mãos. Rodeia, revira, discute e examina suas qualidades, para encontrar um bom tropeço para o frade. Com a desculpa de maior perfeição, inspira-lhe o desejo da solidão. Mas era para atacá-lo a sós e derrubá-lo mais depressa e também para que, caindo sozinho, não tivesse ninguém para ajudá-lo a levantar-se. Por que falar muito? Ele se afastou da religião e foi pelo mundo como peregrino e forasteiro. Reduziu seu hábito a uma túnica curta, com o capuz não costurado à túnica. Percorria assim as regiões, desprezando-se em tudo. Mas aconteceu que, viajando dessa maneira, bem depressa perdeu a consolação divina e começou a ser sacudido por tormentosas tentações. Subiram-lhe as águas até a alma e, desolado por dentro e por fora, foi adiante como um pássaro que corre para a armadilha. Já estava sendo levado à beira do precipício quando o olho da providência paterna teve pena do coitado e o olhou para o bem. Recebendo assim a compreensão pela vergonha, afinal voltou para si mesmo e disse: “Volta para a Ordem, miserável, porque lá está a tua salvação”. Não deixou para depois, levantou-se logo e correu para o regaço materno. Quando chegou a Sena, onde moravam os frades, lá estava São Francisco. Coisa admirável! Logo que o santo o viu, fugiu dele e foi correndo fechar-se em sua cela. Os frades ficaram desconcertados e perguntaram por que tinha fugido. Respondeu o santo: “Por que vos admirais de minha fuga, se não conheceis o motivo? Fugi para a proteção da oração, para livrar um errado. Senti nesse meu filho alguma coisa que justamente me desgostou. Mas agora, pela graça de meu Cristo, já se afastou todo engano”. O irmão se ajoelhou e se confessou culpado, todo envergonhado. Disse-lhe o santo: “Deus te perdoe, irmão. Mas toma cuidado daqui para frente para não te separares de tua religião e de teus irmãos mesmo a pretexto de santidade”. Desde então, esse frade passou a ser amigo da congregação e da sociedade, e tinha especial devoção para com os grupos em que mais imperava a observância regular. Como são admiráveis as obras do Senhor quando os justos se reúnem e se congregam (cfr. Sl 110,1.2)! Porque então os tentados resistem, os caídos são levantados, os tíbios são estimulados, o ferro se afia no ferro e o irmão é ajudado pelo irmão como uma cidadela inabalável. E embora por causa da multidão secular não possas ver Jesus, não o impede absolutamente a multidão dos anjos do céu. Apenas não fujas, e fiel até a morte, receberás a coroa da vida (cfr. Ap 2,10). Pouco depois, aconteceu outro caso não muito diferente com outro irmão. Um dos frades não se submetia ao vigário do santo, mas seguia um outro frade como seu preceptor. Avisado por um intermediário do santo, que também estava presente, o frade lançou-se imediatamente aos pés do vigário e, deixando de lado seu antigo preceptor, passou a obedecer àquele que o santo tinha constituído como prelado. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.