Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Como livrou os habitantes de Grécio das mordidas dos lobos e do granizo.
Avisado por um intermediário do santo, que também estava presente, o frade lançou-se imediatamente aos pés do vigário e, deixando de lado seu antigo preceptor, passou a obedecer àquele que o santo tinha constituído como prelado. Mas o santo, dando um profundo suspiro, disse ao frade que lhe tinha servido de intermediário: “Irmão, eu vi um diabo nas costas do desobediente, apertando-lhe o pescoço. Guiado por tal condutor, desprezava o freio da obediência e seguia as rédeas do seu instinto. Quando roguei ao Senhor pelo irmão, logo o demônio foi embora todo confuso”. Essa era a perspicácia do santo, que tinha os olhos fracos para ver as coisas do corpo, mas enxergava muito bem as coisas espirituais. E que há de admirável se estava sobrecarregado por uma torpe carga quem não queria suportar o Senhor da majestade? Não há meio-termo: ou levas a carga leve, que na verdade te carrega, ou terás uma mó de burro pendurada no pescoço, com a iniquidade sentada em cima como se fosse um talento de chumbo. O santo gostava de morar no eremitério dos frades em Grécio, tanto porque achava rica a sua pobreza como porque podia entregar-se com maior liberdade aos exercícios espirituais numa pequena cela construída na ponta de um rochedo. Foi nesse lugar que recordou pela primeira vez o Natal do Menino de Belém, fazendo-se menino com o Menino. Mas o povo do lugar estava sofrendo diversas calamidades: um bando de lobos vorazes atacava não só os animais, mas até pessoas, e uma tempestade de granizo devastava todos os anos o trigo e as vinhas. Num dia em que estava pregando para eles, São Francisco disse: “Para honra e louvor de Deus onipotente, ouvi a verdade que eu vos anuncio. Se cada um de vós confessar seus pecados e fizer frutos dignos de penitência, eu vos garanto que todo esse mal se afastará e que o Senhor olhará para vós e multiplicará os vossos bens materiais. Mas ouvi isto também: Vos anuncio que se fordes ingratos aos benefícios e voltardes ao próprio vômito, a praga se renovará, o castigo vai ser duplo e uma ira ainda maior cairá sobre vós”. De fato, pelos merecimentos e orações do santo Pai, desde aquela hora acabaram as pragas, cessaram os perigos, e os lobos e o granizo não lhes causaram mais nenhum mal. Até mais: quando o granizo assolava os campos dos vizinhos e chegava perto dos deles, ou parava por ali ou se desviava para outro lado. Dado o descanso, multiplicaram-se enormemente, e ficaram cheios de bens temporais. Mas a prosperidade fez o que costuma fazer: eles cobriam o rosto com a gordura e ficaram cegos pela banha das coisas temporais, ou melhor, pelo esterco. Por fim, recaindo em coisas piores, esqueceram-se de Deus que os tinha salvo. E isso não ficou impune, porque a censura da justiça divina castiga menos quem cai do que quem recai. Excitou-se o furor de Deus contra eles, voltaram os males que tinham ido embora e mais a espada humana, e ainda foi mandada do céu uma epidemia que acabou com muitos. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.