Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Do louvor da pobreza.
Ai, como somos diferentes hoje! Envolvidos nas trevas, ignoramos até o necessário! Por que motivo, crês, a não ser porque somos amigos do cerne e nos metemos no pó dos mundanos? Se elevássemos nossos corações para os céus junto com as mãos, se escolhêssemos suspender-nos nas coisas eternas, provavelmente ficaríamos sabendo o que ignoramos: Deus e nós mesmos. Quem se revira na lama tem que ver lama; quem puser os olhos no céu não poderá deixar de ver as coisas celestiais.Posto neste vale de lágrimas, isto bem-aventurado pai desprezou as míseras riquezas dos filhos dos homens e, ambicionando a mais alta glória, dedicou-se com todo o seu coração à pobreza. Vendo que era familiar para o Filho de Deus e estava sendo desprezada por todo o orbe e, quis desposá-la com um amor eterno. Por isso, feito amante de sua beleza e querendo unir-se mais estreitamente a sua esposa, como se fossem dois em um só espírito, abandonou não só pai e mãe, mas também revirou tudo. Abraçou-a por isso em ternos abraços e não quis deixar de ser seu esposo nem por uma hora. Dizia a seus filhos que ela era o caminho da perfeição, o penhor e a garantia das riquezas eternas. Jamais houve alguém tão ambicioso de ouro quanto ele de pobreza, e nunca houve guarda mais cuidadoso de um tesouro do que ele o foi da pérola evangélica. O que mais o ofendia era ver, dentro ou fora de casa, alguma coisa nos frades que fosse contrária à pobreza. Na verdade, desde o começo da religião até à morte, sua única riqueza foram uma túnica, o cordão e as calças; não teve mais nada. Sua roupa pobre mostrava que riquezas estava amontoando. Por isso, alegre, seguro e livre para correr, tinha o prazer de ter trocado as riquezas que perecem pelo cêntuplo. Ensinava os seus a construírem habitações pobrezinhas, de madeira e não de pedra, como as choças das pessoas mais miseráveis. Muitas vezes, falando da pobreza, recordava aos frades aquela passagem do Evangelho: “As raposas têm tocas e os pássaros do céu têm ninhos, mas o Filho de Deus não tem onde repousar a cabeça ” (cfr. Mt 8,20; Lc 9,58). Certa feita, deveria haver um capítulo em Santa Maria da Porciúncula. Já estava em cima da hora e o povo de Assis, achando que não havia um local adequado, construiu rapidamente uma casa para o capítulo, sem que o soubesse o homem de Deus, que estava ausente. Quando o santo voltou e viu a casa, levando a mal, não sofreu pouco. Levantou-se para ser o primeiro a eliminar o edifício. Subiu ao telhado e pôs abaixo telhas e cobertura com mão forte. Mandou os frades subirem também para acabar de uma vez com aquele monstro contrário à pobreza. Porque dizia que logo se haveria de espalhar pela Ordem e ser tomado por exemplo tudo que se visse de mais pretensioso naquele lugar. Teria acabado de uma vez com o prédio se os soldados que lá estavam não tivessem feito frente ao seu fervor dizendo que ele pertencia à comuna e não aos frades. Uma vez, voltando de Verona e querendo passar por Bolonha, ouviu dizer que aí tinha sido construída uma casa nova para os frades. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.