Franciscologia

Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Repreensão a um irmão que quis guardar dinheiro com a desculpa da necessidade.

Uma ocasião, Frei Pedro Cattani, vigário do santo, considerando que uma multidão de frades de fora frequentava Santa Maria da Porciúncula, e que as esmolas não eram suficientes para prover o necessário, disse a São Francisco: “Irmão, não sei o que fazer quando vêm grupos de irmãos de toda parte e não tenho o suficiente para lhes oferecer. Peço que permitas guardar algumas coisas quando entram noviços, para recorrer a elas no tempo oportuno”. “Irmão caríssimo, respondeu o santo, longe de nós essa piedade. Não vamos ofender a Regra para servir quem quer que seja”. “Que farei, então? ”, disse o frade. “Se não houver outro meio de prover aos necessitados, despe o altar da Virgem e tira seus ornamentos. Podes crer que é melhor guardar o Evangelho de seu Filho e despojar o altar do que deixar o altar ornado e seu Filho desprezado. O Senhor mandará que alguém restitua à sua Mãe o que ela nos tiver emprestado”. Passando certa vez o homem de Deus com um companheiro pela Apúlia, perto de Bari, encontrou no caminho uma bolsa grande, dessas que chamam de alforje de negociante, cheia de moedas. O companheiro chamou a atenção do santo e insistiu com ele para recolher a bolsa e dar o dinheiro aos pobres. Falou em piedade para com os necessitados e fez o elogio das obras de misericórdia que podiam ser feitas com aquele dinheiro. O santo se recusou absolutamente e disse que aquilo era manhã do diabo. Disse: “Filho, não é lícito pegar o que é dos outros. Dar o que não é nosso é pecado e não merecimento”. Afastaram-se, apressando-se para terminar a viagem iniciada. Mas o frade não sossegou, iludido por sua falsa piedade. Continuou ainda a sugerir a obra má. Então o santo concordou em voltar, não para cumprir a vontade do irmão, mas para esclarecer àquele insensato o mistério e divino. Chamou um rapaz que estava sentado em cima de um poço à beira da estrada, para dar testemunho da Trindade “na boca de duas ou três testemunhas”. Quando os três chegaram onde estava a bolsa, viram-na gorda de dinheiro. Mas o santo não deixou nenhum deles se aproximar, querendo demonstrar com a força da oração a ilusão diabólica. Afastou-se à distância de uma pedrada e se dedicou à santa oração. Quando voltou da oração, mandou o frade pegar a bolsa que, por efeito de sua oração, continha uma cobra no lugar do dinheiro. O frade começou a tremer de medo, tomado de estranho pressentimento. No fim, por respeito à santa obediência deixou de duvidar e pegou a bolsa. Não era pequena a cobra que saiu lá de dentro, convencendo o frade da falsidade do demônio. Disse o santo: “Irmão, para os servos de Deus, o dinheiro é apenas o diabo e uma cobra venenosa”. Revestido da virtude do alto, este homem se aquecia mais com o fogo divino que tinha por dentro do que com a roupa que lhe recobria o corpo. Não suportava os que, na Ordem, vestiam-se com roupas finas ou triplicadas. Afirmava que a necessidade que não se firma em razões válidas, mas na veleidade é sinal de perda do espírito. …

Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.

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