A evolução do campo exige a constante atualização de quem trabalha no meio rural, principalmente em relação ao uso de diferentes tecnologias. Em 2019, o SENAR-PR deu início a um estudo para desenvolver novos cursos de profissionalização no plantio mecanizado de cana-de-açúcar. Para identificar os principais desafios do setor sucroalcooleiro, a entidade realizou uma pesquisa junto às agroindústrias com o objetivo de traçar um diagnóstico da cultura no Paraná.
A pesquisa reuniu o perfil dos entrevistados, máquinas e implementos agrícolas utilizados e, ainda, aspectos relacionados ao manejo. O questionário incluiu avaliações sobre produção e colheita de mudas, indicadores de qualidade do transbordo e do plantio, operação e manutenção da plantadora de cana-de-açúcar e problemas no sistema de plantio mecanizado.
Posteriormente, os resultados obtidos foram apresentados para as usinas, via videoconferência, por conta da pandemia do novo coronavírus, entre os meses de junho e julho. Segundo o engenheiro agronômo e consultor Edelclaiton Daros, um dos responsáveis pela pesquisa, a maior demanda do setor é em relação à operação e automação das máquinas, principalmente as plantadoras. “O plantio mecanizado é uma atividade de muitos detalhes, sendo todos importantes. Por isso, precisa de todas as suas fases muito bem definidas e com comprometimento dos operadores. Além disso, estes operadores precisam ter compreensão sobre todo o sistema para que todas as partes estejam engajadas e em pleno funcionamento”, define.
Para a técnica do Departamento Técnico (Detec) do Sistema FAEP/SENAR-PR Jéssica D’angelo, que acompanha a cultura da cana-de açúcar, a proposta de treinamentos, que ainda está em desenvolvimento, abrange seis módulos específicos em formato presencial, um módulo em formato Educação a Distância (EaD) e uma atualização do curso de plantio manual. “Este diagnóstico é um trabalho inédito em termos de SENAR. Com a colaboração das usinas, temos embasamento para elaborar materiais técnicos e levar treinamentos a campo de acordo com a realidade do setor sucroalcooleiro”, avalia.
DESENVOLVIMENTO – Na visão do chefe de treinamento da Usina Alto Alegre, Roberto Tolentino, o envolvimento das usinas no processo é fundamental para que os cursos sejam mais focados nas atuais demandas do setor. “Eu já havia falado com os supervisores do SENAR-PR sobre o nosso interesse em capacitações em plantio mecanizado. Essa foi a oportunidade de abrirmos as portas e contribuirmos com nossa experiência do dia o dia e o que está sendo feito na região. Com o SENAR-PR entendendo nossas reais necessidades e dificuldades, fica muito mais fácil oferecer, na prática, uma formação que nos contemple”, destaca Tolentino.
Para o gerente de planejamento agronômico da Usina Santa Terezinha, Isao Tamane, o diagnóstico possibilitou captar diferentes visões sobre o funcionamento da usina e a rotina de trabalho. “Foi um material bastante rico e abrangente nesse sentido, pois todas as pessoas foram envolvidas no processo, desde o planejamento até a parte operacional”, afirma.
No total, foram respondidos 95 questionários, abrangendo 13 aspectos de plantio, por diferentes colaboradores de 17 usinas do setor sucroenergético paranaense. Foram entrevistados diretores, gerentes, supervisores, chefes, encarregados, líderes e operadores envolvidos direta e indiretamente no sistema de produção, colheita e transporte de mudas de cana-de-açúcar e plantio mecanizado.
Um dos gargalos apontados pelo diagnóstico é fazer com que a tecnologia embarcada no maquinário seja inteiramente aproveitada pelos operadores. “A automação auxilia muito com relação à quantidade de utilização de mudas, defensivos, entre outros, melhorando a performance qualitativa do nosso plantio”, aponta Tamane. Com os resultados em mãos já está sendo possível fazer pequenos ajustes e redirecionar o foco do trabalho. “Agora conseguimos mirar de fato no que temos dificuldade e onde temos grandes oportunidades de melhores resultados”, complementa.
SEMINÁRIOS COMO AÇÃO INICIAL – O desenvolvimento de novas capacitações na cultura da cana-de-açúcar é parte de um trabalho cujos primeiros resultados foram apresentados em 2019. No início do diagnóstico, o SENAR-PR identificou demandas urgentes entre as usinas e promoveu uma rodada de seminários sobre o bicudo da cana-de-açúcar (Sphenophorus levis) e o capim-camalote (Rottboellia cochinchinensis). A instituição também elaborou cartilhas de orientação aos participantes sobre os assuntos. (Da assessoria)