Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Como o santo repreendeu, por palavras e por exemplo, aos que se vestiam com roupas finas e delicadas.
Afirmava que a necessidade que não se firma em razões válidas, mas na veleidade é sinal de perda do espírito: “Quando o espírito está frio e se vai esfriando na graça, a carne e o sangue precisam procurar o que é seu”. Também dizia: “Que resta para a alma que só encontra prazer nas delícias da carne? É então que a vontade animal se disfarça em necessidade, e o sentido da carne forma a consciência”. Acrescentava: “Se um de meus frades tiver uma necessidade verdadeira, próxima da indigência, e se apressar em satisfazê-la, em afastá-la de si, que prêmio receberá? Teve uma oportunidade de merecimento, mas procurou demonstrar que não a apreciou”. Submetia os principiantes a essas necessidades e a outras semelhantes, porque não as suportar com paciência é o mesmo que retornar ao Egito. Afinal, não queria que em nenhuma oportunidade os frades tivessem mais que duas túnicas, embora permitisse que as reforçassem com remendos. Ensinava a detestarem os panos luxuosos, e aos que faziam o contrário repreendia fortemente diante de todos. Para escarmentar tais frades com seu exemplo, costurou um saco rude sobre sua túnica. Mesmo na hora da morte pediu para cobrirem a túnica que seria sua mortalha com outro pano mais pobre. Mas aos frades que eram forçados pela doença ou por outra necessidade permitia que usassem outra túnica mais fina junto ao corpo, mas de forma que exteriormente se observasse a aspereza e pobreza. Pois dizia: “Ainda vai haver tamanho relaxamento no rigor, e um domínio tão grande da tibieza, que filhos do pobre pai não vão se envergonhar de usar até púrpura, cuidando apenas de mudar a cor”. Com isso, pai, não é a ti que enganamos como filhos falsos; nossa maldade engana a si mesma. E isso está aumentando e se fazendo cada dia mais evidente. Algumas vezes, o santo gemeu dizendo: “Quanto mais os frades se afastarem da pobreza, mais o mundo se há de afastar-se deles. Procurarão e não hão de encontrar. Mas, se estiverem abraçados à minha senhora pobreza, o mundo os alimentará, pois foram dados para a salvação do mundo”. Também dizia: “Há um contrato entre o mundo e os frades: os frades dão bom exemplo ao mundo e o mundo provê suas necessidades. Quando forem infiéis e deixarem de dar bom exemplo, o mundo retirará sua mão, em justa repreensão”. Pelo zelo da pobreza, o homem de Deus tinha medo do número muito grande, que pode demonstrar riqueza, se não de fato, pelo menos na aparência. Por isso, dizia: “Oh! Se fosse possível que o mundo só visse os frades raramente e se admirasse de serem tão poucos! ” Unido assim à senhora pobreza por um vínculo indissolúvel, esperava seu dote futuro, não o presente. Cantava com maior fervor e alegria os Salmos que falam da pobreza como: “Não ficará o pobre em eterno esquecimento (cfr. Sl 9,19) ”, e “Olhai, pobres e alegrai-vos (Sl 68,33) ”. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.