Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Sua exortação a pedir esmolas pelo exemplo e pela palavra.
O bispo ficou muito edificado com isso e disse ao santo: “Filho, continua a fazer o que te parece bom, porque o Senhor está contigo” (cfr. 1Rs 3,18; Js 1,9). No começo, para exercitar algumas vezes a si mesmo e poupando a vergonha dos frades, ia ele muitas vezes sozinho para pedir esmolas. Mas quando viu que muitos não estavam dando a devida importância a sua vocação, disse: “Irmãos caríssimos, o Filho de Deus era muito mais nobre e ‘se fez pobre por nós neste mundo’. Por seu amor, nós escolhemos o caminho da pobreza; não nos devemos envergonhar de pedir esmolas. Os herdeiros do reino não podem ficar com vergonha daquilo que lhes está garantindo a herança celestial. Eu vos afirmo que muitos nobres e sábios vão entrar na nossa congregação e vão se sentir muito honrados por poderem pedir esmolas. Por isso, vós que sois as primícias deles, alegrai-vos e exultai (cfr. Sl 31,11; Mt 5,12), e não vos negueis a fazer o que estais transmitindo para ser feito por esses santos”. O bem-aventurado Francisco dizia muitas vezes que o verdadeiro frade menor não devia ficar muito tempo sem ir mendigar. “E quanto mais nobre for meu filho, mais deve gostar de ir, porque é assim que acumulará méritos”. Havia em certo lugar um frade que não era ninguém na hora de esmolar, mas valia por muitos na hora de comer. Vendo que era comilão, participava dos frutos mas escapava do trabalho, disse-lhe uma vez: “Segue teu caminho, irmão mosca, porque queres comer o suor de teus irmãos e ficar ocioso no trabalho de Deus. Pareces com o irmão zângão, que não ajuda as abelhas a trabalhar mas quer comer o mel por primeiro”. Quando esse homem carnal viu que sua glutoneria tinha sido descoberta, voltou para o mundo, que nunca tinha deixado. Saiu da religião: já não era frade nenhum, ele que nunca tinha sido ninguém para esmolar. E o que valia por muitos na hora da mesa, tornou-se um demônio. Numa outra oportunidade, na Porciúncula, um frade vinha voltando de Assis com esmolas e, ao chegar perto, começou a cantar e a louvar o Senhor em voz alta. Quando ouviu isso, o santo se levantou de um salto, correu para fora, beijou o ombro do frade e carregou a bolsa, dizendo: “Bendito seja meu irmão que vai com prontidão, pede com humildade e volta com alegria”. Aconteceu que, quando o bem-aventurado Francisco estava muito doente e já quase próximo do fim, foi reclamado pelo povo de Assis, que mandou uma solene delegação a Nocera, para não dar a outros a glória de ficar com o corpo do homem de Deus. Os cavaleiros que o levavam a cavalo, com muita reverência, chegaram a uma vila paupérrima, chamada Satriano. Como estavam com fome e esperavam a hora de comer, foram comprar alguma coisa, mas não encontraram nada à venda. Os cavaleiros voltaram e disseram a São Francisco: “Vais precisar dar-nos de tuas esmolas, porque aqui não podemos ter nada que se compre”. O santo respondeu e disse: “Não encontrais nada porque confiais mais em vossas moscas que em Deus” (chamava o dinheiro de “moscas”). …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.