Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Como renunciou à prelatura em um capítulo, e sobre uma oração.
Príncipe de Deus, não levava em conta que era um prelado, mas apenas essas preciosas joias: conseguira ser o mínimo entre os menores. Essa era a virtude, esse era o título, esse era o único sinal que indicava ser ele o ministro geral. Tinha afastado de sua boca toda grandiosidade, e também toda pompa de seus gestos e todo fausto de suas ações. Por revelação aprendera o sentido de muitas coisas, mas, diante dos outros, deixava que prevalecesse a opinião deles. Achava que as ideias de seus companheiros eram mais seguras e que a opinião dos outros era melhor que a dele. Dizia que não tinha deixado tudo por amor de Deus aquele que ainda segurava a bolsa de seu próprio modo de pensar. Preferia ouvir um vitupério a um elogio, porque a crítica o levaria a emendar-se, e o elogio, a tropeçar. Numa ocasião em que foi pregar ao povo de Terni, no fim do sermão o bispo da cidade o elogiou deste modo diante de todos: “Nestes últimos tempos, Deus iluminou sua Igreja com este pobrezinho desprezível, simples e ignorante. Temos que louvar sempre o Senhor, pois sabemos que não agiu dessa maneira com todas as nações”. Ouvindo isso, o santo ficou muito contente: o bispo tinha mostrado bem claro como ele era desprezível. Quando entraram na igreja, lançou-se aos pés do bispo dizendo: “Na verdade, senhor bispo, fizeste-me uma grande honra, porque foste o único que conservou o que é meu. Os outros tiram. Tiveste a discrição de separar o que é precioso do que não presta, dando o louvor a Deus e a mim o desprezo”. Mas o homem de Deus era humilde tanto diante dos grandes como de seus iguais e dos mais desprezados, pois estava mais preparado para ser admoestado e corrigido que para dar conselhos. Por isso, num dia em que, fraco e doente, não podendo ir a pé, passou montado num burrinho pelo terreno em que estava trabalhando um rude camponês, este foi correndo perguntar se ele era Frei Francisco. O homem de Deus respondeu humildemente que era ele mesmo, e o outro disse: “Trata de ser tão bom como todos dizem, porque são muitos os que confiam em ti. Por isso te aconselho a não seres diferente daquilo que esperam de ti”. Ouvindo isso, Francisco, o homem de Deus, saltou do burro para o chão, prostrou-se diante daquele homem rude e lhe beijou os pés com humildade, agradecendo-lhe porque se tinha dignado dar-lhe conselhos. Apesar de ser tão famoso e tido por muita gente como santo, achava-se um miserável diante de Deus e dos homens, e não se ensoberbecia nem com a fama célebre nem com a santidade e nem mesmo com os muitos irmãos e filhos santos que lhe tinham sido dados como começo da recompensa por seus merecimentos. Para conservar a virtude da santa humildade, poucos anos depois de sua conversão, durante um capítulo, renunciou ao cargo de superior da Ordem diante de todos os frades, dizendo: “Desde agora, estou morto para vós. Mas aqui está Frei Pedro Cattani, a quem obedeceremos a eu e vós todos”. E inclinando-se logo diante dele, prometeu-lhe obediência e reverência. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.