Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Sobre dois frades franceses aos quais deu a túnica.
Porque há muitos que transformam o lugar da contemplação em lugar de ociosidade, fazendo do modo de vida eremítico, inventado para aperfeiçoar as almas, uma sentina de seus maus desejos. A lei para esses anacoretas de nosso tempo é cada um viver como quer. Isso não vale para todos: sabemos que há santos que vivem na carne observando as melhores leis nos eremitérios. Sabemos também que os pais que nos precederam foram flores da solidão. Oxalá não decaiam os eremitas de nosso tempo daquela primitiva beleza, cujo merecido louvor permanece para sempre! Aconselhando todos a serem caridosos, São Francisco também mandava que demonstrassem afabilidade e um tratamento familiar: “Quero que meus frades mostrem que são filhos da mesma mãe. Que cada um dê com liberalidade ao outro o hábito, o cordão, qualquer coisa que ele pedir. Ponham em comum os livros e tudo que possam desejar, insistindo até com os outros a que tomem o que precisam”. E era sempre o primeiro a fazer tudo isso, para que também nessas coisas não viesse a dizer o que já não tivesse sido realizado nele mesmo por Cristo. Aconteceu que dois frades franceses, homens de grande santidade, encontraram-se com São Francisco. Tiveram uma alegria enorme, duplicada pelo fato de se terem esforçado para isso havia muito tempo. Depois de uma carinhosa acolhida e de uma agradável conversação, sua ardente devoção os levou a pedir a São Francisco que lhes desse a túnica. O santo tirou-a na mesma hora, ficando seminu, e lhe entregou piedosamente. Recebeu em troca uma outra mais pobre de um deles, e a vestiu. Estava disposto não só a dar coisas dessas, mas até a si mesmo, e entregava com muita alegria tudo que lhe pedissem. Afinal, como o coração cheio de caridade detesta o que é detestável aos olhos de Deus, essa era a atitude de São Francisco. Execrava os detratores com horror, mais do que outros tipos viciosos, e dizia que tinham veneno na língua e envenenavam os outros. Por isso evitava encontrar-se com os maldizentes, pulgas que picam quando falam, e desviava os ouvidos para não os manchar, como nós mesmos vimos. Certa vez ouviu um frade denegrindo a fama de outro. Virou- se para Frei Pedro Cattani, seu vigário, e proferiu este terrível juízo: “A religião corre grande perigo, se não neutralizar os difamadores. Bem depressa o perfume suavíssimo de muitos vai começar a cheirar mal se não for fechada a boca fétida dessa gente. Levanta-te, levanta-te, faz uma inquisição severa e, se descobrires que o frade acusado é inocente, inflige um castigo tão duro no acusador que os outros nunca mais se esqueçam. Se tu mesmo não o puderes punir, entrega-o nas mãos do atleta florentino! ” (Chamava de lutador Frei João de Florença, homem de grande estatura e muito forte). “Quero que tenhas o maior cuidado, tu e todos os ministros, para que essa peste não se alastre”. Disse algumas vezes que aquele que despojasse seu irmão da boa fama devia ser despojado de seu hábito e não poderia levantar os olhos para Deus enquanto não devolvesse o que tinha tirado. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.