Franciscologia

Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Sobre a devoção para com as relíquias dos santos.

Por isso amava o Corpo do Senhor, e nela desejava morrer por seu amor aos sagrados mistérios. Certa ocasião quis mandar os frades pelo mundo com preciosas ambulas para guardarem o preço de nossa redenção no melhor lugar, onde quer que o encontre guardado de maneira menos digna. Queria que se tivesse a maior reverência para com as mãos sacerdotais, pelo poder divino que lhes foi conferido para a confecção do santo sacramento. Dizia frequentemente: “Se e acontecesse de encontrar ao mesmo tempo um santo vindo do céu e um sacerdote pobrezinho, prestaria honra primeiro ao presbítero, e me apressaria a beijar as suas mãos. Até diria: ‘Oi! Espera São Lourenço, porque as mãos deste homem tocam a Palavra da vida e têm algo de sobre-humano’“. Mostrava-se devotíssimo do culto divino este homem amado por Deus, e não deixava sem a devida honra coisa alguma que é de Deus. Quando estava em Monte Casale, na província de Massa, mandou que os frades transportassem com toda reverência para seu lugar às relíquias de uma igreja abandonada. Ficava aborrecido por saber que havia tanto tempo estavam sem o culto que lhes era devido. Mas teve que se ausentar por motivos urgentes e os filhos, esquecidos da ordem do pai, deixaram de tomar em consideração o mérito da obediência. Certo dia, quando os frades levantaram a coberta para celebrar, como é costume, encontraram uns ossos muitos bonitos e perfumados. Ficaram muito espantados, pois nunca tinham visto nada semelhante. Pouco depois, o santo de Deus voltou e perguntou cuidadosamente se tinham cumprido o que mandara a respeito das relíquias. Os frades confessaram humildemente que tinham deixado de obedecer e receberam tanto a penitência como o perdão. O santo disse: “Bendito seja o Senhor meu Deus, que cumpriu por si mesmo o que vós deveríeis ter feito!” Consideremos diligentemente a devoção de Francisco, admiremos o cuidado de Deus com o pó que somos, exaltemos o louvor da santa obediência. Os homens não atenderam à sua voz, mas Deus obedeceu a suas preces. Finalmente, quem pode contar quem pode entender como ele “não queria gloriar-se a não ser na cruz do Senhor?” Só pode compreender quem pôde experimentar. De fato, ainda que pudéssemos experimentar de alguma forma em nós mesmos essas coisas, nossas palavras não seriam capazes de expressar tantas maravilhas, maculadas que estão pelo uso vil de todos os dias. Talvez seja por isso que o mistério teve que se manifestar em sua carne: com palavras não daria para explicar. Que o silêncio fale onde a palavra falta, porque até as coisas significadas clamam quando falta um sinal à altura. Anunciemos apenas aos ouvidos humanos esse mistério que até agora ainda não se sabe com clareza por que foi manifestado no santo. Pelo que ele revelou, só tem explicação e sentido no futuro. Será tido por veraz e digno de fé quem tiver por testemunhas a natureza, a lei e a graça. …

Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.

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