Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Obre a sua morte e o que faz antes de morrer.
Vendo isso, os filhos sucumbiram à dor imensa da compaixão, soltando rios de lágrimas e dando longos suspiros. O seu guardião, contendo os soluços e adivinhando por inspiração divina o que o santo queria, levantou-se, foi correndo buscar uma calça, o hábito de saco e o capuz, e disse ao pai: “Fica sabendo que te empresto, em virtude da obediência, este hábito, as calças e o capuz! Mas para saberes que não tens nenhum direito de propriedade, tiro-te o poder de dá-los a quem quer que seja”. O santo se alegrou e se rejubilou de alegria do coração, vendo que tinha mantido a fidelidade para com a Senhora Pobreza até o fim. Fizera tudo isso por zelo da pobreza, a ponto de não querer ter no fim nem o hábito próprio, mas como emprestado por outro. Usara na cabeça o capuz de saco para esconder as cicatrizes da doença dos olhos, quando teria necessidade de um gorro de lã cara, que fosse bem macio. Depois disso, o santo levantou as mãos para o céu e louvou a Cristo porque, livre de tudo, já estava indo ao seu encontro. Mas, para demonstrar que era um verdadeiro imitador do Cristo, seu Deus, em todas as coisas, amou até o fim os frades e filhos, a quem amara desde o começo. Pois fez chamar todos os irmãos presentes e, aclamando-os com palavras de consolação, por sua morte, exortou-os com afeto de pai ao amor de Deus. Falou também sobre a observância da paciência e da pobreza, dizendo que o santo Evangelho era mais importante do que todas as instituições. Estando todos os frades sentados ao seu redor, estendeu sobre eles a sua destra e, começando por seu vigário, impôs sobre a cabeça de cada um. E disse: “Filhos todos, adeus no temor do Senhor! Permanecei sempre nele! E como a tentação e a tribulação estão para chegar, felizes os que perseverarem no que começaram. Eu vou para Deus, a cuja graça recomenda-vos todos”. Nos que estavam presentes, abençoou a todos os frades que estavam por todo o mundo e os que haveriam de vir depois deles, até o fim dos séculos dos séculos. Que ninguém usurpe para si mesmo essa bênção que, nos presentes, deu aos ausentes. Assim como se acha escrita em outro lugar parece ter algo de especial, mas isso é um desvirtuamento. Enquanto os frades choravam amargamente e se lamentavam inconsoláveis, o pai santo mandou trazer um pão. Abençoou-o, partiu-o e deu um pedacinho para cada um comer. Também mandou trazer um livro dos Evangelhos e pediu que lessem o Evangelho de São João a partir do trecho que começa: “Antes do dia da festa da Páscoa”, etc. Lembrava-se daquela sacratíssima ceia que foi a última celebrada pelo Senhor com seus discípulos. Fez tudo isso para celebrar sua lembrança, demonstrando todo o amor que tinha para com seus frades. Passou em ação de graças os poucos dias que ainda restavam até sua morte, ensinando seus filhos muito amados a louvar Cristo em sua companhia. Ele mesmo, quanto lhe permitiam suas forças, entoou o Salmo: “Lanço um grande brado ao Senhor, em alta voz imploro o Senhor” (Sl 141,2-8), etc…
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.