Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o TRATADO DOS MILAGRES de Tomás de Celano. Sobre o milagre dos estigmas e o modo da aparição do Serafim que lhe apareceu.
O lado direito também parecia perfurado por uma lança, atravessado por uma cicatriz que, muitas vezes, quando sangrava, molhava sua túnica e suas calças com o sangue sagrado. Pois Rufino, homem de Deus de pureza angélica, numa vez em que o estava coçando com filial afeto, escorregou a mão e apertou sensivelmente a chaga. Não foi pouco o que o santo de Deus sofreu com esse toque. Afastou de si a mão e pediu ao Senhor que o poupasse. Depois de dois anos, quando, em um fim feliz, ele trocou o vale da miséria pela pátria bem-aventurada, a notícia deste fato extraordinário chegou aos ouvidos das pessoas. Houve um ajuntamento de muita gente, louvando e glorificando o nome do Senhor (cfr. Lc 2,13.20; Sl 85,9). A cidade inteira de Assis acorreu como uma multidão apressou-se a região inteira, sequiosos por ver aquele espetáculo novo, que Deus acabara de colocar neste mundo. A novidade do milagre transformava o pranto em júbilo e arrebatava a visão corporal em estupor e êxtase. Contemplavam o corpo bem-aventurado de Cristo adornado pelos estigmas: ele tinha nas mãos e nos pés não os furos dos cravos, mas os próprios cravos, feitos de sua própria carne pelo poder admirável de Deus, e até como nascidos na sua carne, de modo que, de qualquer lado que fossem empurrados, logo ressaltavam do outro lado, como se fossem um mesmo nervo. E também viam o lado vermelho de sangue. O que estamos dizendo nós vem e tocou com nossas mãos (cfr. 1Jo 1,1) e o descrevemos de nosso punho. Com os olhos cheios de lágrimas registramos o que afirmamos com os lábios, e sustentamos em todo tempo o que uma vez juramos depois de ter tocado os objetos sacrossantos. Durante da vida do santo diversos de nossos irmãos o viram, mas, quando ele morreu, foram mais de cinquenta que o veneraram, com inúmeros seculares. Por isso, que não haja nenhuma incerteza, que não haja dúvida alguma de que a bondade sempiterna nos fez este favor! Prouvera a Deus que por esse amor seráfico muitos membros se unissem a Cristo cabeça (cfr. 1Cr 12,12; Ef 1,22), e que nele tivessem as armas necessárias para o combate antes de serem levados para o Reino em semelhante glória! Quem é que em sã consciência vai negar que só a Cristo pertence essa glória? Mas que a pena imposta aos incrédulos satisfaça os menos devotos e torne mais firmes os que têm devoção. Havia em Potenza, cidade do reino da Apúlia, um clérigo chamado Rogério, homem honrado e cônego da igreja principal. Abatido por longa doença, entrou um dia, para rezar pela saúde, em uma igreja onde havia um quadro de São Francisco que representava os gloriosos estigmas. Chegou e se ajoelhou suplicante para rezar com toda devoção. Mas, quando olhou para os estigmas do santo, começou a pensar bobagens e sua razão não tratou de repelir o aguilhão da dúvida, que entrou despercebidamente. Iludido pelo inimigo antigo, de coração dilacerado, começou a pensar. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.