Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o TRATADO DOS MILAGRES de Tomás de Celano. Do poder que teve sobre as criaturas insensíveis e em primeiro lugar sobre o fogo.
Na verdade, eu vos digo que não senti nem o ardor do fogo nem dor alguma em minha carne”. E para o médico: “Se a carne ainda não está bem cozida, aplica outra vez! ” Percebendo a diferença daquele caso, o médico experimentado exaltou o milagre divino: “Eu vos digo, irmãos, que hoje vi maravilhas”. Provavelmente tinha recuperado a inocência primitiva esse homem que amansava, quando queria, o que por si não é manso. Uma vez o bem-aventurado Francisco quis ir a um certo eremitério para se entregar mais livremente à contemplação, mas estava um bocado enfraquecido e conseguiu com um homem pobre um jumento para montar. Como acompanhava o homem de Deus nos dias do verão, subindo a montanha, cansado do caminho por aquela estrada áspera e longa, antes de chegar ao lugar, o rústico se entregou cansado pelo ardor da sede. Ficando para trás, gritou insistentemente pelo santo e pediu que tivesse pena dele: disse que ia morrer se não fosse reanimado com algum pouco de água. O santo de Deus, que sempre tinha compaixão dos aflitos, desceu imediatamente do jumento, ajoelhou-se no chão, estendeu as mãos para o céu e não parou de rezar enquanto não sentiu que tinha sido atendido. Disse, então, ao camponês: “Vai depressa, que ali mesmo encontrarás água para beber, que Cristo produziu da pedra para ti misericordiosamente neste instante”. Estupenda bondade de Deus, que tão facilmente se inclina aos rogos de seus servidores! Um aldeão pôde beber a água da pedra que a virtude de um homem de oração fez brotar da rocha duríssima. Nesse lugar nunca tinha havido um curso de água, nem o puderam encontrar mais tarde, quando foi diligentemente procurado. Gagliano é um castro populoso e nobre na diocese de Sulmona, no qual havia uma mulher chamada Maria, que, convertida a Deus pelos difíceis caminhos deste século, submetera-se toda a São Francisco como serva. Um dia foi a um monte absolutamente seco, para limpar bordos verdes, mas se esqueceu de levar água consigo, e começou a desmaiar por causa da sede. Já não podendo trabalhar, deitada no chão quase sem forças, começou a invocar ardorosamente seu patrono São Francisco. Cansada, foi adormecendo. Então, veio São Francisco e a chamou pelo nome: “Levanta-te e bebe da água que, por dom divino, vai ser indicada a ti e a muitos”! A mulher bocejou quando ouviu isso mas voltou a dormir. Chamada mais uma vez, estava cansada demais e recaiu. Na terceira, não pouco confortada pela ordem do santo, levantou-se. Pegando um feto (planta), que estava ao seu lado, arrancou-o da terra. Vendo que a raiz estava toda molhada, começou a cavar ao redor com o dedo e com um pauzinho. De repente, o buraco se encheu de água e o pequeno filete se transformou numa fonte. A mulher bebeu e, saciada, lavou os olhos, com os quais, antes embaciados por longa doença, não podia ver nada com clareza. Seus olhos se iluminaram e, livres das rugas da velhice, pareciam ter uma nova luz. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.