Franciscologia

Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o TRATADO DOS MILAGRES de Tomás de Celano. Poder que teve sobre as criaturas sensíveis.

Havia na Porciúncula, ao lado da cela do santo de Deus, uma figueira onde uma cigarra costumava cantar com suavidade. Uma vez, o bem-aventurado pai lhe estendeu a mão e a chamou bondosamente dizendo: “Cigarra, minha irmã, vem cá!” Como se tivesse razão, ela foi logo para sua mão. E ele: “Canta, minha irmã cigarra, louva com júbilo o Senhor Criador!” Ela obedeceu sem demora, começou a cantar e não parou enquanto o homem de Deus, juntando seus louvores ao cântico, não a mandou de volta para o seu lugar. Lá ficou por oito dias, como se estivesse presa. Quando o santo descia de sua cela, tocava-a com as mãos e mandava que cantasse. Ela estava sempre pronta para obedecer-lhe. Disse o santo a seus companheiros: “Vamos despedir nossa irmã cigarra, que já nos alegrou bastante aqui com o seu louvor, para que isso não seja causa de vanglória para nós”. Com sua permissão, ela foi embora, e não apareceu mais por lá. Os frades ficavam admiradíssimos, vendo tudo isso. Morando num lugar pobre, o santo bebia num vaso de barro. Nele, depois que foi embora, as abelhas construíram um favo com sua arte admirável, indicando de modo admirável a contemplação divina que ali tinha haurido. Em Grécio deram a São Francisco um filhote de lebre, vivo e são. Ele o soltou para ir onde quisesse, mas, quando o santo o chamou, correu e saltou para o seu colo. O santo o acolheu com bondade e o admoestou docemente para não se deixar mais prender. Deu-lhe a bênção e mandou que voltasse para o mato. Coisa semelhante aconteceu com um coelho, que é um animal bem pouco doméstico, quando o santo morava numa ilha do lago de Perusa. Uma vez que o homem de Deus estava viajando de Sena para o vale de Espoleto, chegou a um campo em que pastava não pequeno rebanho de ovelhas. Saudou-as com bondade, como era seu costume, e elas correram para ele, levantando a cabeça e aplaudindo-o com a saudação de grandes balidos. Seu vigário, com olho mais atento, tomou nota do que elas tinham feito e comentou com os outros companheiros, andando com passo mais vagaroso: “Vistes o que as ovelhas fizeram com o santo pai? Na verdade”, disse, “grande é este homem que até os brutos veneram como pai, e os que não gozam de razão reconhecem como amigo”. As cotovias, aves amigas da luz do dia e que têm horror ao escuro do crepúsculo, na tarde em que São Francisco passou do mundo para Cristo, quando já estava para chegar o crepúsculo da noite, vieram para cima do telhado da casa e ficaram volteando muito tempo com grande alarido, cantando a seu modo, não sabemos se para demonstrar o gozo ou a tristeza. Ressoava um júbilo choroso e um choro jubiloso, seja porque chorassem a orfandade como filhas, seja por pressentirem que o pai se aproximava da glória eterna. Os guardas da cidade, que vigiavam o lugar com solicitude, convidaram outros, cheios de espanto e admiração. Não eram sós as criaturas que serviam à vontade deste homem, pois o próprio Criador condescendia em toda parte com sua providência.  …

Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.

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