Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o TRATADO DOS MILAGRES de Tomás de Celano. Sobre os mortos ressuscitados pelos méritos do bem-aventurado Francisco.
João de Frangipani, então menino, futuro procônsul de Roma e conde do Sagrado Palácio, atesta com juramento, para confusão de todos os céticos, tudo o que ele então livremente em companhia de sua mãe pôde ver com seus olhos e tocar com suas mãos. Retorne agora a peregrina à sua cidade, consolada com o privilégio da graça, e nós, depois da morte do santo, passemos a outros fatos. Vou falar dos mortos ressuscitados pelos méritos do confessor de Cristo e peço que estejam atentos os que ouvem e lêem. Para ser breve, vou omitir muitos pormenores e, sem falar das solenidades dos admiradores, vou contar só as coisas maravilhosas. Na aldeia de Monte Marano, perto de Benevento, uma dama de nobre linhagem, e mais nobre pelas virtudes, tinha particular devoção a São Francisco e rendia-lhe um culto fiel e reverente. Ficou doente, chegou às últimas e entrou no caminho de toda carne. Morta perto do por do sol adiou o sepultamento para o dia seguinte, para poder juntar o grupo numeroso dos queridos. À noite vieram os clérigos com os saltérios para cantar as exéquias e vigílias, cercados por uma multidão de orantes de ambos os sexos. De repente, à vista de todos, levanta-se no leito a mulher, chama um dos sacerdotes presentes, seu padrinho, e diz- lhe: “Pai, quero confessar-me; ouve o meu pecado! Eu morri, de fato, e deveria estar agora encerrada num duro cárcere por ainda não ter confessado o pecado que desejo revelar-te. Mas São Francisco, de quem sempre fui muito devota, orou por mim e foi-me concedido voltar ao meu corpo para poder confessar-me e obter o perdão do meu pecado. Logo que o tiver confessado, partirei na vossa presença para o descanso prometido”. Confessou-se tremendo ao sacerdote que também tremia e, recebida a absolvição, recolheu-se ao leito e adormeceu felizmente no Senhor. Quem poderá celebrar condignamente a bondade de Cristo? Quem poderá enaltecer com dignos louvores a eficácia da confissão e os méritos do santo? Para mostrar como todos devem receber com profundo amor o dom admirável de Deus que é a confissão, e também para esclarecer como este santo sempre gozou de um mérito singular diante de Cristo, é preciso contar o que ele manifestou de maneira notável enquanto vivia no mundo, e aquilo que Cristo revelou sobre ele ainda melhor depois da morte. Uma vez que o bem-aventurado pai Francisco foi a Celano para pregar, um cavaleiro lhe suplicou com devoção e insistentemente que fosse almoçar em sua casa. Ele resistiu bastante, mas no fim foi vencido pela insistência importuna. Chegou a hora da refeição e a mesa foi esplendidamente preparada. O hospedeiro e toda sua família ficaram exultantes com a chegada dos pobres. O bem-aventurado Francisco ficou em pé, levantou os olhos para o céu e chamou à parte o hospedeiro. “Irmão hospedeiro, disse-lhe, dobrando-me aos teus pedidos, entrei em tua casa para comer”! …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.