Primeira pensão de Bandeirantes – Propriedade de Antônio Francisco Matheus

Os Pioneiros, por ramo de atividade

*Walter de Oliveira

Escusado repetirmos aqui os inúmeros sacrifícios e obstáculos suportados e superados pelos milhares de pessoas que abriram esta então inóspita região e deram início à cidade em que hoje vivemos e trabalhamos. Basta lembrar que isso se deu, em dois momentos – “povoado de Invernada” (1910) e “povoado da Estação” (1931), épocas em que a solução dos problemas estava primeiramente, na proteção divina e depois, na coragem, no trabalho e não raro, no custo da própria vida, dado à falta de qualquer assistência sanitária. Por isso e desde imemoráveis tempos, a importância histórica – e mesmo um dever moral – de se registrar as sagas e os feitos dos tempos pretéritos, com destaque para os seus protagonistas. Tais registros – comprova-o a própria história – têm inspirado e motivado as gerações pósteras à permanente busca por um viver melhor e mais digno (saneamento básico, educação, direitos trabalhistas, SUS, políticas habitacionais e muitos outros benefícios). Não é exagero afirmar que aqueles feitos estão para as gerações que se sucedem, como está para as plantações agrícolas o adubo deitado ao solo. São exemplos estimulantes e convidativos a serem seguidos.

À falta de experiência nessa tarefa (resgate histórico) registraremos os nossos pioneiros, por seus “ramos de atividade”, até mesmo para eventuais buscas e/ou mera curiosidade. Até recentes dias, a única fonte que nos informava sobre tais pioneiros era o livro “O Município de Bandeirantes” (1950), de Solano Medina (com raros exemplares à disposição). Todavia e como já e do conhecimento dos nossos leitores, tivemos a sorte de receber do contador e comerciante Aldo Francisco Matheus, “cópias” de importantes documentos históricos com importantes informações (já encaminhados ao Museu Municipal “Maria Calil Zambon”). Foi de “partes” dessas cópias que extraímos os nomes (e as atividades) dos pioneiros que registraremos. Os dados dos pioneiros e suas atividades, do livro de Solano Medina, serão transcritos no livro que estamos redigindo. Os nomes que se seguirão, repetimos, foram “chancelados” pelos moradores do Distrito de Bandeirantes (Invernada) na reunião realizada na escola pública, às 20 horas do dia 08 de setembro de 1931.

Antes de os mencionarmos, achamos interessante fazer algumas considerações acerca de detalhes que chamaram nossa atenção, a saber: a) Depreendemos das informações de Solano Medina que as duas primeiras serrarias montadas no distrito, foram as de Antenor Moretti e de Domingos Regalmuto. Mas a relação apresentada na já citada reunião de 1931, informa que as primeiras foram as da Companhia Territorial Maxwell e da empresa Oliveira & Junqueira, que naquele ano pagaram de impostos, respectivamente, 940$000 (novecentos e quarenta mil réis) e 300$000 (trezentos mil réis); b) segundo Medina, o distrito tinha apenas a farmácia do alemão Ernesto Fischer. Todavia, a cópia da relação de 1931 informa que além dessa farmácia, o distrito contava também com as de Alcides Alvim Rezende (Juiz de Paz Distrital) e de Francisco Pereira; c) Segundo Medina, a primeira “ferraria” do distrito era a do nosso saudoso e atlético Yoshiji Kajiwara. Porém, a relação de 1931 registra já então em funcionamento a ferraria de Luiz Aldrigue Sobrinho, que pagou de imposto naquele exercício, 50$000 (cinquenta mil réis).

Tinha ainda o distrito, no ano de 1931, seis automóveis de aluguel (táxis), um dos quais pertencia a José Martins Pinhão (tio do ex-prefeito Lino Martins); havia ainda – como veremos – muitos outros veículos, e dentre todos chamou-nos a atenção, que os irmãos Benedito e Osvaldo Leite de Negreiros eram donos de uma “carroça de aluguel”, uma atividade cujo exercício lhe custava 50$000 (cinquenta mil réis) por ano. Os automóveis de aluguel eram taxados pelo valor de 150$000 (cento e cinquenta mil réis), também anuais. O total de impostos que o distrito recolheu para a prefeitura de Jacarezinho, só no ano de 1931, foi de 60:139$500 (sessenta contos, cento e trinta e nove mil e quinhentos réis), dos quais, 38:938$500, só de Imposto Rodoviário. Segundo diziam os mais antigos, era muito dinheiro em troco de “nada” de estradas.

PIONEIROS POR RAMO DE ATIVIDADE (EM ORDEM ALFABÉTICA)

ARMAZÉM (Gêneros Alimentícios): Abrahin Assade, Alfredo Marcondes, Amiral Henriques, Benedito Salgueiro, Carmo Jarrus, Chade Bahuan, Estevão Leite de Negreiros, Iamaguchi & Watanabe, Janechite Humada, Joaquim Ferreira Inocêncio, João Batista de Souza, João Cravo, Sílvio Fernandes e Toyoso Arai. BANCA DE TOUCINHO: Antônio Rosa, Braz Fernandes, Domingos Francisco Lima, Irmãos Negreiros, Lucas Figueiredo e Salomão Cheia. BAR E BOTEQUIM: Domingos Francisco Lima, Francisco Pereira, Joaquim Cavaleiro Torres, Joaquim Matheus, Miguel Albulez, Manoel Marques Godinho, Nikuro Nishimura e Tontaro Kavasaki. BARBEARIA: Francisco Sarmento, Janechite Humada e Laurindo Custódio. BOMBA DE GASOLINA: Benedito Salgueiro e Iamaguchi & Watanabe. FARMÁCIA: Alcides Alvim Rezende, Ernesto Fischer e Francisco Pereira. FERRARIA: Luiz Aldrigue Sobrinho. HOTEL: João Cravo. LOJA DE TECIDOS: Félix Chedid e Guarido & Peixoto. PENSÃO: Antônio Francisco Matheus (avô de Aldo Francisco Matheus) e Sato Hiabara. SAPATARIA: José Sorace. SERRARIA: Oliveira & Junqueira Ltda. e Companhia Territorial Maxwell.

* Walter de Oliveira, 89, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932.

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