Sede da Fazenda Carvalhópolis, onde ficava a Venda de José Pavan e Dante Negrisoli

Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado

Quinta Parte

*Walter de Oliveira

Iniciamos os fragmentos históricos de hoje fazendo três correções em parte de que falamos no nosso artigo anterior (26/02). São as seguintes ditas correções: a) a legenda da foto da Casa Ormeneze diz que ela se situava à Avenida Bandeirantes, esquina com a Praça Deputado Valderi Mendes Vilela/Brasil-Japão. No entanto, essa localização era da “loja matriz” da Casa Ormeneze, porquanto a foto que ilustra o artigo é a da “filial”, e ficava localizada à margem direita da estrada velha para Londrina, na encruzilhada de Galdinópolis (primeiro nome de Santa Amélia), onde hoje se encontra a venda do Pulú (Aparecido Guerra). O nome Ormeneze, que à época apenas identificava a loja de secos e molhados que “seo” Ricieri ali instalara, terminou por ser identificador de toda uma região rural: o Bairro Ormeneze; b) a legenda da foto da Casa Kamiyama, diz que ela foi instalada na esquina das atuais avenidas Bandeirantes e Comendador Luiz Meneghel, quando na verdade ela se situava na esquina da atual Avenida Comendador Luiz Meneghel, com a atual rua Eurípedes Rodrigues; c) este item faz, de fato, duas correções: 1ª) o nome correto da loja dos irmãos Antônio e Guilherme Martelli e R. Cauduro era Casa Cauduro, e 2ª) dissemos que a Casa Cauduro, da letra “m” daquela listagem, era a última do ramo de secos e molhados no período 1931/1950. Contudo, revendo os registros nesse sentido, do livro de Solano Medina, constatamos existirem à época vários outros pioneiros daquele ramo, os quais prosseguiremos listando, agora a partir da letra “n”, o que, por falta de maiores elementos, fá-lo-emos registrando apenas os seus nomes, exceto aqueles sobre os quais tenhamos conhecimento pessoal (ou recebamos informações).

Pioneiro João Esteves da Silveira, conhecido por “Mineiro do Arroz Doce”. Foto cedida pelo seu filho Urbano (“Barão”), residente em Patos de Minas -MG

Continuação – n) Antônio Mariquito, que foi estabelecido na atual Rua Arthur Conter, um pouco abaixo da esquina em que se situa atualmente a Panificadora D’Kara Nova; o) Casa São Luiz, situada na antiga rua Rio Grande do Sul (hoje rua Arthur Conter), essa loja foi uma das mais tradicionais e importantes do ramo na cidade. Seu primeiro dono foi o italiano Ângelo Boscarial, que a vendeu para Alcides de Souza Guerra, sucedido por Antônio Francisco de Souza (o Chico da Casa São Luiz), seu último dono até sua mudança de endereço; p) Cia. Agrícola Nomura, que ficava situada onde hoje se situa o supermercado Molini’s; q) Dinarte Pedroso; r) Francisco Fernandes da Silva, que além de atuar no ramo de secos e molhados, foi o primeiro comprador de alfafa do povoado. Sob a razão social de Mercantil Fernandes e Cia., a sua loja tinha dois endereços: o primeiro, na Avenida Bandeirantes, em frente onde hoje se situa a Clínica Veterinária Auqmia e o segundo, na antiga rua Ceará, hoje Alberto Faria Cardoso, onde se situa a Madeireira São Rafael. Francisco Fernandes da Silva (avô do Luiz Carlos Fernandes – do SAAE e da professora aposentada Sônia Fernandes Malaghini) atuando fortemente na compra de alfafa, muito contribuiu para que Bandeirantes chegasse ao posto de maior produtor dessa forrageira no Brasil (e muitos diziam até do mundo); s) Gilson e José do Nascimento – esses foram estabelecidos na zona rural, onde hoje se situa o distrito Nossa Senhora da Candelária; t) Hildo Henrique dos Santos; u) Ichei Hashitani; v) João Batista Rocha, estabeleceu-se na região entre as fazendas Vera Cruz e Pinto Lima e seu estabelecimento ficou conhecido por “Venda do Rocha”; w) João Jardineiro; x) João Esteves da Silveira, mais conhecido por “Mineiro do Arroz Doce”. Seu primeiro estabelecimento ficava na atual rua Benjamin Caetano Zambon, em uma casa de madeira, anexa ao prédio da Casa Cauduro, no exato lugar que agora se encontra a loja Paula Calçados. Foi ali, que o “seo” João Esteves e dona Ana, além de comercializarem secos e molhados (em reduzida escala), preparavam e serviam aos bandeirantenses, o melhor arroz doce que os norte-paranaenses conheceram. Anos mais tarde, “seo” João Esteves transferiu seu estabelecimento para a rua Rio Grande do Sul (atual Arthur Conter), então mais aparelhado e melhor abastecido, quando passou a ser gerido por seu filho José Esteves da Silveira; y) Neste item registraremos dois estabelecimentos comerciais: 1º) José Alves Aranha e 2º) Josué Alves Aranha. Esses dois irmãos baianos, se estabeleceram, um ao lado do outro, na Avenida Bandeirantes, onde hoje se encontra a Casa Rocha, um pouco abaixo da agência do Banco do Brasil.

Esgotadas as letras do alfabeto, continuaremos listando os comerciantes pioneiros do ramo, partindo novamente da letra “a”, às quais acrescentaremos números. Assim, teremos, a.1) Joaquim Serafim Fernandes, cuja loja ficava na baixada da Avenida Baía (hoje Avenida Azarias Vieira de Rezende), defronte à Clínica Veterinária Bandeirantes; b.1) J. Pavan, Negrisoli e Cia. Ltda. – Esse estabelecimento, tinha por donos, José Pavan (pai do ruralista Roberto Pavan) e Dante Negrisoli. À exemplo da loja de Ricieri Ormeneze, a venda de Pavan e Negrisoli ficava localizada na zona rural, mais precisamente na Fazenda Carvalhópolis, de propriedade de Ângelo Pavan. Narramos aqui, pelo seu cunho histórico, o seguinte e interessante fato envolvendo essa “venda” na Fazenda Carvalhópolis: No desenrolar da Segunda Guerra (1939/1945), instalou-se no país um severo racionamento de gêneros alimentícios e outros produtos, tais como trigo, açúcar, gasolina, querosene e outros. Ângelo Pavan era também dono de uma hospedaria no município (Pensão Vitória), cujo gerente era João Francisco Ferreira, fundador da Loja Maçônica Estrela de Bandeirantes e atualmente nome de rua da nossa cidade, o qual gozava de excelente relação com importantes figuras do governo federal. Contou-nos Roberto Pavan, que a pedido de seu pai, José Pavan, João Francisco Ferreira foi ao Rio de Janeiro e conseguiu que fosse enviado “um vagão ferroviário” lotado de trigo, açúcar e latas de querosene para a venda da Fazenda Carvalhópolis, que por um bom tempo, supriu as necessidades dos bandeirantenses. Nós, pessoalmente, testemunhamos esse fato, posto que aos 11 anos de idade, fomos, com nosso pai, comprar essas mercadorias; c.1) Casa São Benedito – Instalada também na zona rural (cerca de 200/300 metros da igreja do Bairro Tabuleta), essa casa pertencia a Moacyr Alcântara, de tradicional família de Jacarezinho, e por isso ficou conhecida e era chamada de venda do Moacyr. Além do seu proprietário, administrava-a o ainda jovem José Alcântara, que mais tarde se tornaria um dos mais longevos diretores da receita do município e em cujo cargo se aposentou.

 (continua…)

* Walter de Oliveira, 89, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932.

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