Jardineira (empresa Ximenes) que fazia a linha Jacarezinho-Londrina. A empresa fazia "ponto" no Bar do Godinho

Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado

Sexta Parte

*Walter de Oliveira

Continuamos os fragmentos da nossa história listando hoje os últimos pioneiros do “povoado da estação” (assim chamada a nossa Bandeirantes nos seus primeiros anos) e lembrando, até para evitar mal-entendidos ou alegação de estarmos omitindo nomes, que a classificação de pioneiros é aqui atribuída àqueles que exploravam as várias atividades aqui listadas entre os anos de 1931 e 1950. Já no final da listagem dos pioneiros no ramo de secos e molhados, anotamos que de alguns deles temos apenas os nomes, sem sabermos os endereços em que eram estabelecidos. São os casos de: d.1) Nilton Vieira Vidal; e.1) Orlando Ribeiro do Prado; f.1) Pedro Augusto de Oliveira; g.1) Zeferino Lima Sobrinho e h.1) Omar Frederico Alves. E os quatro últimos, a saber: i.1) José Alves do Vale; j.1) Gilson do Nascimento; k.1) Manoel de Freitas Filho, todos estabelecidos na zona rural, no lugar então conhecido por Sertãozinho e que mais tarde seria o Distrito de Nossa Senhora da Candelária e l.1) João Batista de Souza, o popular Batatão, estabelecido no bairro São Luiz, ou São Luiz do Batata. Seu estabelecimento ganhou bastante notoriedade em função da popularidade do seu filho e auxiliar na venda, João Batista de Souza Filho (o Batata), que chegou à vereança municipal no quadriênio 1973/ 1976. Encerrada a listagem dos comerciantes pioneiros de secos e molhados, listamos agora os pioneiros no ramo de Bar e Lanchonete.

Jardineira (aberta) que fazia a linha Bandeirantes-Águas Yara. A empresa fazia “ponto” no Bar do Godinho

Sabemos todos que, na história das cidades – incluídas aí as mais importantes do mundo – muitos bares e cafés terminaram sendo famosos por reunirem em seus recintos, pessoas de todos níveis e classes, servindo então de instrumento e insumo para alavancar muitos progressos, sobretudo no mundo das artes e literatura, não olvidando as discussões que ali tiveram lugar, sobre política, futebol e outros temas do dia a dia das cidades. Diferentemente das grandes urbes, os bares do nosso povoado serviam de “apoio” para os nossos agricultores que, vindos à cidade, deles se valiam – como ainda hoje nos valemos – para fazerem um lanche ou até uma refeição rápida. Ao tempo que não se falava estações rodoviárias, cada cidade tinha o seu “bar do ponto”, que era onde os ônibus (ou jardineiras) chegavam e de onde partiam. A propósito, aqui era o “Bar do Godinho”, que logo mais será listado.

Feito o preâmbulo, vamos, então, à listagem, atendo-nos sempre ao que consta no livro de Solano Medina e baseados também em outras fontes e nossos conhecimentos pessoais, como bem observou nosso leitor e caro amigo Paulo Miquelino Filho, em comentário sobre o nosso último artigo. Seguindo a ordem alfabética, vamos ter na letra a) o “Bar do Seo Gaspar”. Se esse bar teve um nome, isso jamais esteve escrito em sua fachada. Como as demais, a construção que o abrigava, um rústico e amplo galpão de madeira, foi levantada à margem direita da estrada que vinha de Ingá (primeiro nome de Andirá), na entrada do povoado, na encruzilhada com a estrada que ia para Jaborandi (primeiro nome de Itambaracá), cujo exato lugar não é outro senão a esquina da atual Rua João Francisco Ferreira, com a Avenida Edelina Meneghel Rando, defronte o Condomínio Residencial Monterey, sobre cujo terreno estão hoje as lojas Rossato Brinquedos, RM Store e o escritório da Eng Force Construtora. Seu proprietário, como sugere o próprio nome do bar, era o senhor Gaspar Moura; b) o segundo bar que se segue, também levava o nome do seu dono e por isso se chamava “Bar do Godinho”. Seu proprietário, o português Manoel Marques Godinho (que será listado como pioneiro também em outra atividade), o instalou na Avenida Bandeirantes, entre as atuais ruas Benjamin Caetano Zambon e Prefeito José Mário Junqueira, no preciso lugar onde hoje está a loja Magazine Luiza. Passado algum tempo do início do negócio, seo Manoel recebeu como sócio, outro português, o jovem Antônio Francisco Matheus Júnior, que em pouco tempo e por vários anos tornou-se o “Tonico do Bar” (e várias décadas depois, veio a ser o “Tonico da Torrefação”). Primeiro bar a fabricar e vender sorvetes (palitos e massas) e diga-se, de muito boa qualidade, o Bar do Godinho tornou-se em pouco tempo, o grande bar da cidade, posto que afora ser a única sorveteria do povoado, o atendente Tonico e o seu companheiro Manoel (não o dono) eram o que tinha de melhor no tratamento com o público. Resultado: em pouco tempo, as 3 linhas de ônibus com passagem (ou partida e chegada) no povoado, que eram a Garcia, Ximenes e o “Cabeceira”, elegeram o Bar do Godinho como o “Bar do Ponto”. Com isso, é fácil imaginar o que se tornou o movimento daquele bar, que viria ainda mais aumentar com a instalação das mesas de bilhar e sinuca (mesa sem caçapa); c) Bar São Gonçalo, ou “Último Gole” – o nome dobrado desse bar tem duas justificativas: a primeira, Bar São Gonçalo, foi porque seu dono chamava-se Gonçalo da Silva Flores, e a segunda, Bar Último Gole, foi pelo lugar onde foi instalado: na saída da cidade, à margem direita da estrada velha, que ia para o bairro da Tabuleta, Fazenda Nomura e Lajeado (primeiro nome da cidade de Abatiá). Seo Gonçalo era um homem alto, calçando botas e sempre usando um chapéu de aba larga. Também muito cortês no trato com as pessoas, seu bar tinha grande freguesia e como era o último no caminho para a zona rural, era realmente ali que se tomava o “último gole”, que não seria obrigatoriamente de “mata-bicho” (nome que se dava a um trago ou talagada de cachaça), como também de gasosa ou de água para matar a sede; d) Bar do Mário – esse bar situava-se onde hoje está a Pernambucanas. Pertencente ao japonês Mário Niyashiki, era à época dos mais frequentados do povoado. Por fazer parte de uma loja de secos e molhados, ele já foi listado em artigo anterior como tal. Todavia, e por sua importância na categoria bar, repetimos seu registro.

(continua…)

* Walter de Oliveira, 89, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932

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