Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos falar de Santa Clara “Plantinha” do Pai Seráfico.
Começa a legenda da virgem Santa Clara. Antes de tudo, seu nascimento.
Mulher admirável por seu nome, Clara de palavra e virtude, natural de Assis, de família muito preclara, foi concidadã do bem-aventurado Francisco na terra e, depois, foi reinar com ele na glória. O pai era militar, e a família, de cavaleiros, dos dois lados. A casa era abastada e as riquezas, para o padrão local, copiosas. Sua mãe Hortolana, que devia dar à luz a planta frutífera no jardim da Igreja, também era rica em não poucos bons frutos. Embora presa aos laços do matrimônio e aos cuidados familiares, entregava-se como podia ao serviço de Deus e a intensas práticas de piedade.
Tanto que, por devoção, foi com os peregrinos ao ultramar e voltou toda feliz, depois de visitar os lugares que o Deus-Homem consagrou com suas pegadas. Também foi ao santuário de São Miguel Arcanjo para rezar e visitou piedosamente as basílicas dos apóstolos. Para que vou dizer mais? A árvore se conhece pelo fruto (cfr. Mt 12,33; Lc 6,44) e o fruto é recomendado pela árvore. Já houve abundância de dons divinos na raiz para que houvesse abundância de santidade no ramo pequeno. A mãe, grávida, próxima de dar à luz, estava orando ao Crucificado diante da cruz, na igreja, para passar saudavelmente pelos perigos do parto, quando ouviu uma voz que dizia (cfr. At 9,4): Não temas, mulher, porque, salva, vais dar ao mundo uma luz que vai deixar a própria luz mais clara.
Instruída pelo oráculo, quis que a filhinha, ao renascer pelo sagrado batismo, se chamasse Clara, esperando que se cumprisse de algum modo, pelo beneplácito da vontade divina, a claridade da luz prometida. Apenas dada à luz, a pequena Clara começou a brilhar com luminosidade muito precoce nas sombras do século e a resplandecer na tenra infância pelos bons costumes. De coração dócil, recebeu primeiro dos lábios da mãe os rudimentos da fé e, inspirando-a e formando-a interiormente o espírito, esse vaso, em verdade puríssimo, revelou-se vaso de graças. Estendia a mão com prazer para os pobres (cfr. Pr 31,20) e, da abundância de sua casa, supria a indigência (cfr. 2Cor 8,14) de muitos. Para que o sacrifício fosse mais grato a Deus, privava seu próprio corpinho dos alimentos mais delicados e, enviando-os às ocultas por intermediários, reanimava o estômago de seus protegidos.
Assim cresceu a misericórdia com ela desde a infância (cfr. Jó 31,18) e tinha um coração compassivo, movido pela miséria dos infelizes. Gostava de cultivar a santa oração, em que, orvalhada muitas vezes pelo bom odor, foi praticando aos poucos a vida virginal. Como não dispunha de contas para repassar os Pai-nosso, usava um monte de pedrinhas para numerar suas pequenas orações ao Senhor. Ao sentir os primeiros estímulos do santo Amor, instruída pela unção do Espírito, achou que devia desprezar a instável e falsa flor da mundanidade, relativizando as coisas que valem menos. Debaixo dos vestidos preciosos e finos, usava um cilício escondido, florescendo por fora e vestindo Cristo no interior (cfr. Rm 13,14). Afinal, querendo os seus que se casasse na nobreza, não concordou absolutamente. Amém.
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.