Agenor Dias: Chofer de Praça, pioneiro e um dos fundadores do Guarani Esporte Clube. Foto cedida por sua nora, Aparecida Aguiar Dias

Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado

Décima Segunda Parte


*Walter de Oliveira

Terminamos o artigo anterior listando o último bar pioneiro do Povoado da Estação e da cidade, o Tropical, do pioneiro Luiz Rando. Acontece que revendo as nossas listagens até agora feitas, notamos que deixamos de fora os pioneiros no ramo de “automóveis de aluguel” (os táxis de hoje em dia), que deveriam vir, pela ordem alfabética, logo depois dos pioneiros no ramo de armazéns de secos e molhados. Mas, pioneiros que são, obviamente que os listaremos. No entanto, em nome da maior exatidão possível deste trabalho, voltamos à uma tecla em que já batemos anteriormente, qual seja, lembrar nossos leitores que as informações que lhes passamos, buscamo-las nos registros existentes no livro “O Município de Bandeirantes” (1950), de Solano Medina e da obra gráfica “Bandeirantes, sua história e atualidades” (1980), de autoria dos alunos do 2º grau da Escola Integrada de 1º e 2º graus, de Bandeirantes, Paraná, sob a supervisão da professora Ana Maria Teixeira Ribeiro Bueno (ambas obras desconhecidas pela maioria dos bandeirantenses de hoje). Esclarecemos ainda, que em virtude de haver várias e comprovadas controvérsias nos registros de Medina, nem todos aqueles dados serão por nós reproduzidos. E isso o fazemos na busca de darmos à população bandeirantense uma obra (nosso livro em elaboração) com a máxima fidelidade e exatidão possíveis. Para que os leitores tenham noção de algumas das controvérsias do livro de Medina, ali encontramos o comerciante Luiz Jacobussi e o industrial Abel Fernandes, ambos de Santa Amélia, como estabelecidos em Bandeirantes; o mesmo ocorre com Salvador Amadeu Forcinetti, do ramo de panificação de nossa cidade, listado como dono de bar. No entanto e apesar das referidas contradições, queremos deixar bem patente o nosso reconhecimento e louvor ao utilíssimo trabalho de Medina, bem como os esforços dos alunos do segundo grau, autores da já referida pesquisa histórica. E por último, e antes de listarmos os próximos pioneiros, voltamos a encarecer aos nossos leitores, toda a contribuição que lhes seja possível nos dar (informações, fotos, documentos e mesmo críticas), para que o nosso trabalho de resgate histórico se aproxime, afinal, dos fatos realmente acontecidos. Vamos então aos pioneiros no ramo de automóveis de aluguel, nos anos de 1931 a 1950.

Da esq. para a dir.: Eurides Lucena, Eduardo Pinhão, Antônio Pinhão e Antônio Martins (Totó Martins). Foto retirada do Grupo Bandeirantes – PR, no Facebook

a) Agenor Dias. Tanto Agenor quanto os seus colegas de atividade – que à época eram chamados de “chauffeur de praça” (os taxistas de hoje) – estacionavam os seus “Chevrolet”, marca de carro então predominante, na Avenida Bandeirantes, em frente à Praça Marechal Deodoro (hoje Deputado Valderi Mendes Vilela/Brasil-Japão). Apesar de serem concorrentes entre si, o que se via naquele grupo de homens era uma verdadeira relação de irmandade, inclusive, no tratamento dos mais jovens para com os mais velhos. Esse nosso primeiro listado pioneiro, além do dito e competente profissional do volante que era, foi, ao lado do seu outro colega de trabalho Generoso Costa, do alfaiate Jacob Ossovski, do fabricante de guaraná José Giovanetti e do comprador de alfafa Pedro Teixeira, um dos fundadores do Guarani Esporte Clube, o primeiro time de futebol da cidade. Agenor Dias foi casado com dona Ermínia Cruz Dias e tiveram como filhos Benedito José (Tito), Antônio Carlos (Inho) e José Manuel, os dois primeiros, pintores de casa e o último, alfaiate (todos já falecidos);

b) Antônio Martins (mais conhecido como por Totó Martins), que também foi pioneiro como “dono de linha de jardineiras (modelo rudimentar dos antigos ônibus). Além de se dedicar ao ramo ora listado, Totó tinha também um manifesto interesse pela política partidária (era do “time” de Dino Veiga, nosso ex-prefeito e nosso primeiro deputado estadual). Talvez tenha sido esse seu pendor político, que anos mais tarde levaria seu filho mais velho, Lino Martins, a se eleger vereador e depois duas vezes nosso prefeito municipal. Casado com dona Aidê Martins, o casal, além do filho Lino, teve os seguintes outros: Flávio e Antônio Carlos (contabilistas, como Lino), Hélio, já falecido, Fátima, Lúcia, e Márcia, todas professoras já aposentadas;

c) Antônio Portugal. Ele, que mantinha seu carro de aluguel sempre muito bem equipado e reluzente, diferentemente dos seus colegas de trabalho, que “faziam corridas” para as cidades mais próximas e zona rural, era muito requisitado para as viagens a São Paulo e Curitiba. Casado com dona Ilda Sachs Portugal, o casal teve os filhos Antônio Paulo e José Reginaldo, ambos professores universitários e aqui residentes;

d) Augusto Ragazzi. Casado com dona Noêmia Ragazzi, o casal teve os seguintes filhos: Shirley, Marlene, Elizabeth, José Mário e Hélio (que residem, respectivamente, em Londrina e Ribeirão do Pinhal), Lourdes, Márcia e Carmen. Ragazzi deixou o ramo para tocar serraria, aqui e depois em Paraíso do Norte, noroeste do Paraná e anos depois voltou à atividade ora listada, quando um dia, em pé, na calçada da mesma praça em que trabalhara como pioneiro, foi vítima fatal de um caminhão desgovernado, que o atingiu pelas costas. Filho do também pioneiro nos ramos de açougue e de secos e molhados Leandro Ragazzi, Augusto herdou deste não apenas o porte físico, como também a austeridade que o caracterizava nos seus modos e falas. Certamente por isso, ele era uma espécie de “conselheiro” entre os seus colegas.

(continua…)

* Walter de Oliveira, 89, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932

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