Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos falar de Santa Clara “Plantinha” do Pai Seráfico.
A prática da santa oração
Com o tempo, de corpo já enfraquecido, estendeu uma esteira no chão e teve a clemência de dar à cabeça um pouco de palha. Depois que a doença começou a tomar conta do corpo tão severamente maltratado, usou um saco cheio de palha por ordem do bem-aventurado Francisco. Pois tamanho era o rigor de sua abstinência nos jejuns que mal teria podido sobreviver corporalmente com o leve sustento que tomava, se outra força não a sustentasse. Enquanto teve saúde, jejuando a pão e água na quaresma maior e na do bispo São Martinho, só provava vinho aos domingos, quando tinha. E para que admire leitor, o que não podes imitar, não tomava nada de alimento durante essas quaresmas em três dias por semana, nas segundas, quartas e sextas-feiras. Sucediam-se assim os dias de acerba mortificação, de modo que uma véspera de privação total precedia um festim de pão e água. Não é de admirar que tamanho rigor, mantido durante muito tempo, tivesse predisposto Clara à doença, consumindo as forças e enfraquecendo o corpo. Por isso, as filhas muito devotas tinham compaixão da santa madre e lamentavam com lágrimas aquelas mortes que suportava voluntariamente, todos os dias. Por fim, São Francisco e o bispo de Assis proibiram-lhe o esgotador jejum dos três dias, ordenando que não deixasse passar um só dia sem tomar para sustento pelo menos uma onça e meia de pão. Mas, embora em geral uma grave aflição do corpo afete o espírito, o que brilhava em Clara era muito diferente: ficava sempre de cara festiva e alegre em suas mortificações, parecendo que não sentia ou que se ria dos apertos corporais. Por isso, podemos ver claramente que a santa alegria que lhe sobrava dentro extravasava fora, porque o amor do coração tornava leves os castigos corporais. Já morta na carne, estava tão alheia ao mundo que ocupava sua alma continuamente em santas orações e divinos louvores. Tinha cravado na Luz o dardo ardentíssimo do desejo interior e, transcendendo a esfera das realidades terrestres, abria mais amplamente o seio de sua alma para as chuvas da graça. Depois de Completas, rezava muito tempo com as Irmãs, e os rios de lágrimas que dela brotavam excitavam também as outras. Mas depois que elas iam repousar os membros cansados nas camas duras, ela ficava rezando, vigilante e incansável, para recolher então o veio do sussurro furtivo (cfr. Jó 4,12) de Deus, quando o sono se apoderara das outras. Muitas vezes, prostrada em oração com o rosto em terra, regava o chão com lágrimas e o acariciava com beijos: parecia ter sempre o seu Jesus entre as mãos, derramando aquelas lágrimas em seus pés, a que beijava. Chorava, uma vez, na noite profunda, quando apareceu o anjo das trevas na figura de um menino negro, dizendo-lhe: “Não chore tanto, que vai ficar cega”. Respondeu na hora: “Quem vai ver Deus não será cego”. Confuso, ele foi embora. Amém.
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.