Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar a falar de Santa Clara “Plantinha” do Pai Seráfico.
As virtudes de Santa Clara
Lavando os pés enlameados das servas que saíam do mosteiro, enxugando-os e beijando-os, de acordo com o exemplo de nosso Salvador, e às que trabalhavam dentro com obséquios mais laboriosamente, como se fosse uma serva que se paga, com toda prontidão expondo seu tenro corpinho, às sãs, às enfermas e às débeis como se fossem suas senhoras, apresentava com todo esforço um serviço pronto e alegre, quando havia oportunidade. Dessa forma a humilde discípula de Francisco, já feita mestra das virgens, como aprendera do santíssimo Pai, parecia preferir não tanto o estar à frente quando o submeter-se, e não tanto impor às outras quanto carregar o jugo da santa obediência, como raiz de toda perfeição a humildade espontânea e em si mesma pela frequência do exercício regava e cultivava para ajudar a plantá-la no coração das filhas pela eficácia do bom exemplo. A pobreza evangélica, cuja herança o bem-aventurado pai deixara para os filhos em uma abundância incessante, ela, como filha legítima, não quis ficar sem a sua parte. Por isso, no início de sua conversão, a paterna herança, que a ela tinha chegado, fez ser desviada, e sem reservar nada do preço para si mesma, distribuiu tudo aos pobres. Afinal, fez um tal pacto com a santa pobreza que não queria ter nada a não ser o Senhor, e nada mais além do necessário permitia que as irmãs recebessem além da comida e da roupa, e que nada guardassem para depois. O privilégio da pobreza, que recebeu do Papa Inocêncio III com muita consideração do próprio pontífice, cujo o bispo redigiu com sua própria mão, não sem lágrimas, quando o senhor Papa Gregório IX, movido por paterno afeto, se dispôs a mitigar e absolver a mesma virgem santa de um voto de pobreza tão estrito, respondeu-lhe a filha caríssima de Deus: queria ser absolvida dos pecados, não de observar os conselhos de Jesus Cristo. Ligara-se assim ao voto da altíssima pobreza com o vínculo de um amor tão forte que lhe parecia mais tolerável apresentar a cabeça para ser ferida por um cruel verdugo do que perder a beleza de tão preciosa pérola, e, voltando o rosto para trás, desistir do propósito de tão grande perfeição. Por isso, virgem prudente, percebendo muito bem que pela privação da gloriosa pobreza ser-lhe-ia dada a glória da exuberância celeste, os fragmentos de esmolas e as migalhas de pão, que os esmoleres traziam consigo recebia muito mais alegremente, e como que triste com os pães inteiros, exultava muito mais com os pedaços. Pois uma vez em que só havia um pão no mosteiro e já estava na hora de comer, tendo a despenseira recorrido à madre, ela mandou que metade do pão fosse dada aos frades do mesmo lugar, e que a outra metade reservada às irmãs fosse dividida em cinquenta partes, de acordo com o seu número. Essa ordem insólita da serva de Cristo foi recebida pela filha humilde, ainda que com admiração, tratando, porém, de cumpri-la não sem devoção…
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.