Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar a falar de Santa Clara “Plantinha” do Pai Seráfico.
As virtudes de Santa Clara
Como era grande a devoção, como era grande a virtude desta virgem sagrada é atestada pelas incansáveis vigílias com derramamento de lágrimas, mas também pelo excesso mental e pelos secretos colóquios do esposo com a eficácia de obter mais facilmente as coisas que pedia com confiança. Pois rezando por longos espaços com as irmãs depois do completório, depois que as outras iam refazer os membros cansados nos duros leitos, ela permanecia atenta e invencível na oração, para que então recebesse furtivamente os veios do divino sussurro, quando o sono ocupava as outras. Numa vez em que estava chorando na noite profunda, apareceu um anjo das trevas, na forma de um menininho negro, dizendo-lhe que ficaria cega se não parasse de chorar. Mas ela respondeu imediatamente: Não vai ficar cego quem vir o Rei da glória, e ele fugiu confundido. Na mesma noite, depois de Matinas, estava rezando a Deus com lágrimas quando ele apareceu outra vez, dizendo que seu cérebro iria derreter-se e o nariz entortar, a não ser que parasse com as lágrimas; mas. Vendo que não podia mudar o ânimo da virgem com ameaças, e ficando com medo de sua constância, desanimou de perturbar o devoto silêncio da que estava rezando. Para ela era familiar o pranto da paixão do Senhor e entre as horas sexta e nona compadecia-se com Cristo crucificado por um afeto maior, para oferecer o coração e o corpo ao senhor com o cordeiro imolado em vivo holocausto. Também repetia com muita frequência a oração das cinco chagas do Senhor Jesus, sabendo tirar de suas feridas sagradas ora melífluos gozos que sugava, ora suspiros de mirra, de forma que, ferida pela caridade fervorosa do mesmo esposo, podia chamar o amado tanto de fascículo de mirra quanto de cacho de alfena. Chegara certa vez o dia da sacratíssima ceia, quando, pela tarde, aproximando-se a agonia do Senhor, a virgem devotada a Deus, inebriada pela lembrança de como foi preso e humilhado, ficou tão absorvida em si mesma naquela noite e durante o dia seguinte que, estava tão alheia a si mesma, que, sem desviar os olhos de um mesmo ponto, mais parecia insensível, crucificada com Cristo. Por isso o crucificado amado retribuía à amante e ela, que ardia de tamanho amor pelo mistério da cruz, resplandecia pelo poder da cruz em sinais e milagres. Pois uma das Irmãs, chamada Benvinda, sofria a ferida de uma fístula embaixo do braço, pela qual saía pus havia quase doze anos, depois de marcada com a cruz, feita pela virgem Clara com virtude e reverência, recebeu a cura perfeita da antiga ferida. No mosteiro das Irmãs havia uma grande multidão de doentes aflitas por diversas dores, quando eis que, entrando no lugar em que jaziam para visitá-las, a piedosa madre, sem se esquecer das cinco chagas de Cristo, fez cinco vezes o sinal da cruz, e libertou imediatamente do seu sofrimento cinco delas que estavam mais gravemente enfermas…
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.