Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar a falar de Santa Clara “Plantinha” do Pai Seráfico.
São Boaventura – às Clarissas
Desfrutarão de vez em quando da transbordante doçura reservada aos que o temem, enxergando sempre aquele que é o mais formoso não só entre os filhos dos homens, mas também entre os milhares de anjos, aquele a que os anjos desejam contemplar, porque é o candor da luz eterna e o espelho sem mancha da majestade de Deus, esplendor da glória do paraíso. Filhas caríssimas, uni-vos para sempre a Ele que é o nosso bem perpétuo e, quando vos for oportuno, recomendai à sua inefável clemência a mim que sou pecador, rezando assiduamente para que possa dirigir misericordiosamente os meus passos para a glória e a honra de seu nome admirável, para salvação do rebanho pobrezinho que a mim foi confiado. No início da Ordem, — dizia Frei Estevão — era costume do bem-aventurado Francisco, quando recebia alguém que vinha a ele para viver na Ordem, revesti-lo com o hábito e a corda e confiá-lo a alguma abadia ou igreja, porque ainda não tinha lugares onde colocá-los. Frei Estevão também contava que o bem-aventurado Francisco não queria ter familiaridade com nenhuma mulher e não permitia que as mulheres tivessem com ele maneiras familiares. Parece que só tinha afeto por Dona Clara. E mesmo assim, quando falava com ela ou se estava falando dela, não a chamava por seu nome, mas chamava-a de “cristã”. Tinha um grande cuidado por ela e por seu mosteiro.
E nunca autorizou a fundação de outros mosteiros, ainda que tenham sido abertos alguns durante sua vida porque outros se interessaram. E quando ficou sabendo que as mulheres recolhidas a esses mosteiros eram chamadas de irmãs, ficou muito perturbado e dizem que teria exclamado: “O Senhor nos tirou as esposas e o diabo nos arranja irmãs”. O cardeal Hugolino, bispo de Óstia, que era então protetor da Ordem dos menores, acompanhava essas Irmãs com grande amor. Uma vez, quando se despediu do bem-aventurado Francisco, disse-lhe: “Eu te recomendo aquelas senhoras”. Então Francisco respondeu com alegria: “Santo padre, de agora em diante que elas não sejam mais chamadas Irmãs Menores, mas, como dissestes, Senhoras”. E desde então foram chamadas Senhoras e não Irmãs. Não muito tempo depois morreu Frei Ambrósio, da Ordem dos cistercienses, penitenciário, a quem o cardeal Hugolino tinha confiado o cuidado dos referidos mosteiros, com exceção do mosteiro de Santa Clara. Então, Frei Filipe Longo tratou de fazer com que lhe fosse concedida pelo Sumo Pontífice a autorização de empenhar no serviço delas os frades menores, a seu juízo. Quando Francisco soube disso ficou muito perturbado e o amaldiçoou como destruidor de sua Ordem. Dizia o referido Frei Estevão que tinha ouvido o bem-aventurado Francisco pronunciar estas palavras: “Até agora a ferida estava na carne e havia esperança de poder curá-la; agora penetrou nos ossos e vai ficar quase incurável”. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa
Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.