Artigo

Por Tiago Silvio Dedoné

Em uma das primeiras edições que teci, nesta coluna, perpassei por algumas reflexões que me provocam a pensar o campo da historiografia a partir das representações sociais. A interface da comunicação e a Política, por exemplo. Neste sentido, precisamos, também, refletir sobre como a cultura política se organiza no fluxo do tempo histórico. Afinal de contas, os espaços públicos institucionais são permeados pelas decisões e tensões advindas dela. Política atua nas esferas das subjetividades. Ou, ela é a própria personificação da subjetividade, pois todo ato é um manifesto político multívoco. Toda presença de pensamentos, de observação e de intervenção se caracterizam como forma de fazer perpetrar visões num cenário que envolve um coletivo de direitos, intervindo nas manifestações das representações sociais.

Então, nesta perspectiva, pode ser uma legitimadora importante para construções do bem comum, assim como pode ser uma destruidora poderosa que faz presença na balança do ordenamento social e comunitário. A sensibilidade humana é objeto de percepções políticas, já que é um caminho para se fazer chegar ao consciente (ou, metaforicamente, ao coração) de um sujeito, ou de uma base social.

Não tem como fazer política (na democracia) sem a promoção de concordância com as compreensões dos sentidos diversos, com o senso dialético das várias vertentes nos momentos de tensões, com um ecossistema comunicacional ampliado. É preciso buscar equilíbrio, diplomaticamente, a todo instante, apesar da afirmativa de que é utópico no universo político agradar a todos os polos discursivos que buscam, numa constante disputa por espaço, determinar sua presença e sua escrita memorial no tempo. Por isso a política é um jogo flutuante, principalmente nos cenários governamentais e requer atores com muita habilidade democrática.

Se ela é um objeto determinante nos ordenamentos sociais, mas, neutro a ponto de ser disponibilizado como ferramenta para agrupamentos tão diversos – e que, para alguns destes agrupamentos nem sempre o bem comum é objeto primeiro de desejos -, é preciso buscar uma lucidez reflexiva: a política, se compreendida apenas sob o viés das bases dialógicas, funcionais e estruturais do Estado, restringe-se. E a quem interessa uma concepção restritiva da política? Observe que, aqui, não me remeto à bases ideológica e econômica, pois elas já são cernes de todas as conjunturas políticas. O que me refiro é que política está além do Estado, além do governo, surge nas intersecções dos agrupamentos. É um conceito estendido que ocorre no seio de todas a agências de socialização; mas, por contar com aspectos organizacionais e atores profissionais, acaba, por vezes, promovendo desestabilização na balança, no que tange a participação e decisões soberanas.

Eu faço estas ponderações, pois, volto à caminhar por uma questão que interseciona o sujeito, a presença, a representação social, o constructo histórico, a produção de sentido nos espaços públicos institucionais: para que serve a Comunicação Pública? Continuamos na próxima edição. Até lá!

Mestre em Formação de Gestores Educacionais; Jornalista e Pedagogo; Doutorando em Educação (PUC/PR); Doutorando em História (UPF/RS); Mestrando em História Pública (UNESPAR); Professor na Educação Básica (Colégio ECEL) e no Ensino Superior (Faculdade Dom Bosco)

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