Paz e Bem, meu amigo e irmão, estamos falando de Santa Clara “Plantinha” do Pai Seráfico.
Ardente amor ao crucificado
Escutei, por graça de Cristo, toda a solenidade celebrada esta noite na igreja de São Francisco”. Era-lhe familiar o pranto pela paixão do Senhor: ou hauria das sagradas chagas a amargura da mirra, ou sorvia os mais doces gozos. Embriagavam-na veementemente as lágrimas de Cristo sofredor, e a memória reproduzia frequentemente aquele que o amor lhe gravara fundo no coração. Ensinava as noviças a chorar o crucificado dando junto o exemplo do que dizia. Muitas vezes, ao exortá-las a isso em particular, vinham-lhe as lágrimas antes de acabarem as palavras. Entre as horas do dia, em geral era mais tocada de compunção em Sexta e Noa, para imolar-se com o Senhor imolado. Uma vez, rezava na cela na hora Nona, e o diabo lhe bateu no rosto, enchendo um olho de sangue e a face de marcas. Para nutrir a alma sem cessar nas delícias do Crucificado, ruminava frequentemente a oração das cinco chagas do Senhor. Aprendeu o Ofício da Cruz composto por Francisco, o amante da cruz, e o repetia com o mesmo afeto. Cingia embaixo da roupa, sobre a carne, uma cordinha com treze nós, lembrança secreta das feridas do Senhor. Chegou, uma vez, o dia da Sagrada Ceia, em que o Senhor amou os seus até o fim (cfr. Jo 13,1). Pela tarde, aproximando-se a agonia do Senhor, Clara, entristecida e aflita, fechou-se no segredo de sua cela. Acompanhando em oração o Senhor que rezava, sua alma triste até a morte (cfr. Mt 26,38) embebeu-se da tristeza dele, a memória foi se compenetrando da captura e de toda derisão: caiu na cama. Ficou tão absorta durante toda aquela noite e no dia seguinte, tão fora de si que, com o olhar ausente, cravada sempre em sua visão única, parecia crucificada com Cristo, totalmente insensível. Uma filha familiar voltou diversas vezes para ver se precisava de alguma coisa e a encontrou sempre do mesmo jeito. Quando chegou a noite do sábado, a devota filha acendeu uma vela e, sem falar, com um sinal, lembrou sua mãe da ordem que recebera de São Francisco. Pois o santo mandara que não deixasse passar um só dia sem comer. Na sua presença, Clara, como se voltasse de algum outro lugar, disse o seguinte: “Para que a vela? Não é dia? ” “Madre, respondeu a outra, foi-se a noite, já passou um dia, e voltou outra noite”. Clara disse: “Bendito seja este sonho, filha querida, porque ansiei tanto por ele e me foi concedido. Mas guarde-se de contar este sonho a quem quer que seja, enquanto eu viver na carne”. O Crucifixo amado correspondeu à amante que, acesa em tão grande amor pelo mistério da cruz, foi distinguida com sinais e milagres pelo seu poder. Quando fazia o sinal da cruz vivificante sobre os enfermos, afastava milagrosamente as doenças. Vou contar alguns casos, entre tantos. São Francisco mandou a dona Clara um frade enlouquecido, chamado Estêvão, para que traçasse sobre ele o sinal da cruz santíssima, pois conhecia sua grande perfeição e venerava sua grande virtude. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa
Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.