Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos falar sobre o bem-aventurado Francisco.
PRIMEIRO LIVRO de Tomás de Celano – Primeira Vida.
Para louvor e glória de Deus todo-poderoso Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
Começa a vida do nosso beatíssimo Pai Francisco.
Como reconstruiu a igreja de São Damião
Perguntaram-lhe brutalmente quem era, e ele respondeu forte e confiante: “Sou um arauto do grande Rei! Que é que vocês têm com isso? ” Bateram nele e o jogaram numa fossa cheia de neve, dizendo: “Fica aí, pobre arauto de Deus”. Quando se afastaram, revirou-se na fossa e conseguiu sair, sacudindo a neve. Com alegria redobrada, começou a cantar em voz alta pelos bosques os louvores do Criador de tudo. Chegando a um mosteiro, passou muitos dias na cozinha como servente, vestido apenas com uma túnica vil. Quisera saciar-se com um pouco de caldo. Mas ninguém teve pena dele e não conseguiu sequer alguma roupa velha. Saiu dali, não levado pela raiva, mas pela necessidade, e foi para a cidade de Gúbio, onde conseguiu uma túnica com um de seus velhos amigos. Algum tempo depois, quando a fama do homem de Deus cresceu e o seu nome se espalhou no meio do povo, o prior daquele mosteiro, recordando e compreendendo o que fora feito contra o homem de Deus, procurou-o e pediu-lhe perdão por amor de Deus em seu nome e no dos monges. Depois disso, amante santo de toda humildade, transferiu-se para um leprosário. Vivia com os leprosos, servindo com a maior diligência a todos por amor de Deus.
Lavava-lhes qualquer podridão dos corpos e limpava até o pus de suas chagas, como disse no Testamento: “Como estivesse ainda em pecado, parecia-me deveras insuportável olhar para leprosos, mas o Senhor me conduziu para o meio deles e eu tive misericórdia com eles”. Essa visão lhe era tão insuportável que, em suas próprias palavras, no tempo de sua vida mundana, tapava o nariz só de ver suas cabanas a duas milhas de distância. Mas, eis que um dia, quando, por graça e força do Altíssimo, ainda vivia como secular, mas já tinha começado a pensar nas coisas santas e úteis, encontrou-se com um leproso e, superando-se, chegou e o beijou. A partir de então, foi ficando cada dia mais humilde até chegar à perfeita vitória sobre si mesmo, por misericórdia do Redentor. Ajudava também os outros pobres, mesmo quando ainda era secular e seguia o espírito do mundo, estendendo sua mão misericordiosa para os que não tinham nada e mostrando compassivo afeto para com os aflitos. Houve um dia em que, contra seu costume, porque era muito bem-educado, tratou mal um pobre que lhe pedia esmola. Mas logo, arrependido, começou a dizer consigo mesmo que era grande ofensa e vergonha negar a quem estivesse pedindo no nome de tão grande Rei, o que quisesse. Resolveu que jamais negaria a quem lhe pedisse em nome de Deus o que estivesse ao seu alcance. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa
Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.