A antiga capital do Reino Kongo, Mbanza Congo, é hoje uma referência histórica mundial, depois de ter sido elevada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) à categoria de Património Cultural da Humanidade, em 2017
Estudante e pesquisador angolano, mestrando do Programa de Pós-Graduação em História Pública, pela Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), Campus de Campo Mourão, o acadêmico Mpambani M. Vicente, tem mobilizado importantes pesquisas sobre as contribuições de figuras que timbraram seus nomes, com honra e dignidade, na luta contra o colonialismo europeu no Reino do Kongo, trazendo à tona os significados que os povos de Mbanza Kongo atribuem a estas figuras.
O mestrando destacou que a pesquisa vem sendo desenvolvida em Angola, especificamente em Mbanza Kongo, com o tema: MEMÓRIAS DAS FIGURAS HISTÓRICAS DO REINO DO KONGO KIMPA VITA, TULANTE ÁLVARO BUTA E MIGUEL NEKAKA: Uma proposta para reconfiguração pedagógica do Ensino da História de Angola.
A pesquisa se desenvolve sob orientação da Prof. drª Cyntia Simioni França, professora titular da Unespar. Para o desenvolvimento da pesquisa, tem buscado apoio em autores africanos e de outras nacionalidades, como: João Paulo N´ganga, Elikia M´bokolo, Jelmer Vos, Albert Adu Boahen, Jean-Luc Vellut, John Thornton, George Balandier.
Ele destacou que a característica principal que distingue a pesquisa das demais obras é o fato de trazer à tona não apenas as contribuições destas figuras, mas também os significados que os povos de Mbanza Kongo atribuem a elas, por meio das narrativas dos protagonistas de pesquisa, neste caso: as autoridades tradicionais (anciãos e guardiões da história e memória coletiva dos povos Kongo) e professores de História.
O estudante Vicente explicou que a pesquisa tem como motivações: poucos conteúdos da História de África e de Angola são ensinados nas escolas, o que leva o pesquisar a levantar a seguinte indagação: Como e que tipo de Homem de Novo se pretende formar quando a sua história é menos ensinada? A história de Angola, inserida nos programas do ensino, obedece às diretrizes da ideologia, dando mais ênfase à história do partido no poder e às suas figuras históricas, criando, de certa forma, a narrativa única e hegemónica sobre a história de Angola, e, por fim, as insuficiências verificadas na produção da história local do Reino do Kongo no que diz respeito às suas figuras. Além destas constatações citadas anteriormente, o pesquisador referiu-se a uma outra motivação, fora dos programas, que é o facto de a cidade de Mbanza Kongo ser o atual Património Cultural da Humanidade.
O pesquisador considerou a pesquisa ser de extrema importância, pois visa, de um lado, contribuir no renascimento da dimensão histórica destes personagens que, ao longo dos anos, foi e continua ser marginalizada, para ressignificar a História de Angola. E do outro lado, o trabalho vai, particularmente, servir de material didático para professores e alunos no exercício do processo de ensino-aprendizagem, no sentido de incorporar conteúdos da história local do Reino do Kongo nas suas aulas e discussões, e para toda a comunidade konguesa, em geral, uma vez que traz à tona memórias dos personagens do Kongo, que constituem a memória coletiva dos seus povos, mas subalternizadas pela historiografia oficial.