Desde 2007, o mês de abril passou a ser simbolizado pela cor azul em apoio às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A campanha Abril Azul busca promover a conscientização sobre o autismo, desmistificar ideias equivocadas e incentivar o respeito e a inclusão. Em 2025, o tema da campanha é: “Informação gera empatia, empatia gera respeito!”, uma mensagem simples, mas poderosa.

O TEA é uma condição do neurodesenvolvimento que pode impactar a comunicação, a interação social e o comportamento. Suas manifestações são diversas, variando de pessoa para pessoa, e vão desde características mais sutis até quadros que exigem suporte contínuo, por isso, o acompanhamento e a intervenção devem ser sempre individualizados.

Apesar dos avanços das últimas décadas, o preconceito contra pessoas autistas ainda é muito presente. Para a psicóloga Marcela Santos, que atua na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), de Bandeirantes (PR), isso acontece, em grande parte, por conta da desinformação ou da disseminação de informações distorcidas. Ela alerta que, embora a internet ofereça fácil acesso ao conhecimento, é preciso cautela com os conteúdos consumidos, especialmente por familiares, já que muitos deles são desconexos e acabam gerando confusão.

No contexto escolar, muitas crianças autistas, especialmente aquelas que não são verbais ou que apresentam maior sensibilidade sensorial, podem enfrentar dificuldades de adaptação em escolas regulares.  Diante disso, algumas famílias recorrem à APAE, instituição especializada no atendimento de crianças com deficiência intelectual. É importante, contudo, compreender que nem todas as pessoas autistas apresentam deficiência intelectual. Quando uma criança chega à APAE após sair da escola regular, ela passa por uma avaliação intelectual. Caso seja identificada uma possível deficiência, é encaminhada para um neurologista, responsável pelo diagnóstico final.

Fundada em 1954, no Rio de Janeiro, a APAE atua em todo o Brasil com acolhimento, educação e promoção da autonomia de pessoas com deficiência intelectual e múltipla. Um exemplo é a APAE Pequeno Príncipe, localizada em Bandeirantes (PR) que atende 185 alunos, dos quais 64 têm diagnóstico de autismo. Além do ensino adaptado, a unidade oferece assistência social, atividades culturais, esportivas e serviços de saúde, sempre com foco na inclusão e no desenvolvimento integral.

Na APAE, o trabalho com o autismo começa com acolhimento e escuta dos pais, principalmente daqueles que acabaram de receber o diagnóstico. “O primeiro passo é fazê-los entender que o diagnóstico não muda quem a criança é. Ela continua sendo filha, membro daquela família, cheia de potencial”, reforça a psicóloga.

A partir do acolhimento e das avaliações iniciais, a equipe da APAE elabora um plano terapêutico individualizado. Segundo a psicóloga Marcela Santos, o trabalho é focado no desenvolvimento de habilidades, no comportamento e na promoção da autonomia da criança. Ela destaca a importância da participação da família, que é incentivada a compartilhar a rotina da casa, já que a intervenção precisa se estender além do ambiente escolar. Como o tempo de terapia semanal é limitado, os estímulos no dia a dia são considerados fundamentais para o progresso da criança.

Com as crianças pequenas, o foco está em respeitar o tempo de desenvolvimento e evitar comparações. Já com adolescentes e adultos, a atenção se volta para a vida social, as relações e a autonomia. “Ajudamos eles a se desenvolverem no mundo, a fazer amigos, a iniciar conversas. Também focamos mais na visão deles, não só na dos pais. E mesmo se forem não verbais, isso não significa que não tenham sentimentos, vontades ou pensamentos. Eles continuam sendo pessoas e precisam ser compreendidos”, destaca a profissional da associação.

 

Ela também faz questão de alertar para um dos mitos mais comuns: a ideia de que o autismo tem “cara”. “ Cada autista é único, por isso falamos em espectro. É uma condição ampla, com muitas formas de se manifestar. E, por isso, cada terapia precisa ser individualizada. O que funciona com um pode não funcionar com outro”, explica a psicóloga Marcela.

IMPOSTO DE RENDA SOLIDÁRIO – Por meio do Imposto de Renda Solidário, cidadãos e empresas podem destinar parte do imposto ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (FMDCA), contribuindo com projetos sociais como os da APAE.

Pessoas físicas podem destinar até 3% do imposto a pagar ou a restituir, enquanto empresas podem direcionar até 1% do imposto devido. Essa atitude solidária contribui diretamente para ações de cultura, fortalecimento de vínculos e construção de um futuro melhor para muitos jovens em todo o país.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui