Música é um espelho dos sentidos e, desde o período neolítico e paleolítico, depois passando por outros espaços temporais da história da arte, ela é determinante para expressão de linguagem acoplada ao desejo de disseminação de sentidos. Vamos falar, brevemente, hoje, sobre o canto.
Alguns aspectos fundantes norteiam o campo historiográfico do canto, e em consequência nas manifestações da expressão – que é comunicativa, simbólica e recheada de percepções – neste sentido, faz-se necessário permear pela distinção entre o indivíduo, o artista e o objeto artístico, e suas respectivas representações sociais no espaço e no tempo histórico. Esta relação, no senso comum, é compreendida na mesma esfera.
Os nortes psicossociais também são importantes aspectos/conceitos a serem contemplados por aqueles que direcionam o olhar para a ciência da arte, já que infere um viés do autoconhecimento, auto responsabilidade, inteligência emocional, habilidades para decodificação dos processos que orbitam em torno da carreira e seus desafios, e da gestão destes processos. Ou seja: aspectos subjetivos da dimensão humana.
Também faz-se necessário compreender que a linguagem verbal, não verbal e mista (híbrida) está inserida nos contextos de socialização da arte desde os primórdios. Antes das palavras, as manifestações artísticas, ritualísticas, do canto e das expressões do corpo ou da pictorialidade, já norteiam pinturas, desenhos, dança, músicas, e outras formas de linguagens, rituais, sentimentos, medos, alegrias, registros da história.
Historicamente, o canto é uma poderosa ferramenta de socialização e integração; bem como, também, uma expressa manifestação de amor, de lutas, de fé, de alegrias.
Desde as eras antigas, quando o homem começou a reconhecer e usufruir os elementos verbais e não-verbais da comunicação oral para conseguir sobreviver no cenário social onde estavam inseridos e conquistar seus anseios, o canto e a expressão corporal tornaram-se elementos essenciais e poderosos. Foi um processo de criação e decodificação que os atores de um ambiente social passaram a entender como códigos. As expressões físicas, quase que como danças, aliadas a um ritual da voz (do canto) serviam para atestar emoção, desejos, indagação, reprovação; serviam como linguagem expressiva para posicionar os seus manifestos.
Criou-se, desde então, a concepção do Estímulo-Resposta, que deu, com o passar do tempo, todo o norte da compreensão da expressão humana, o que faz entender a relação existente entre o movimento humano e todo o movimento de elementos do meio ambiente, onde um sujeito esteja inserido. Continuamos esta reflexão no nosso próximo encontro.
Tiago Silvio Dedoné
Mestre em Formação de Gestores Educacionais; Jornalista e Pedagogo; Doutorando em Educação (PUC/PR); Doutorando em História (UPF/RS); Mestrando em História Pública (UNESPAR); Professor na Educação Básica (Colégio ECEL) e no Ensino Superior (Faculdade Dom Bosco)