Às dez horas do último sábado (15), inúmeros amigos de João Jácomo Pellegrini acompanharam dona Eunice Pellegrini e seus filhos Carlos, Cláudio, Claudemir, Sônia e seus netos, levando-o até o seu último repouso. João Pellegrini entregou sua alma ao nosso Criador na noite de sexta-feira, após um longo período de tratamento da saúde, abalada já havia algum tempo. Figura amiga e agradabilíssima, Pellegrini nos deixou com a consciência e a certeza de bem ter cumprido a missão aos seus cuidados.
Casado com dona Eunice (que ele próprio tratava apenas por Nice), por um tempo, foram tentar a sorte fora de Bandeirantes, com o comércio de hortifrutigranjeiros. A experiência não teve o êxito esperado e o casal resolveu voltar para Bandeirantes, até pela forte ligação de Pellegrini com os pais, filho mais velho que era. Muito corajoso e crente no futuro, manteve a ideia de prosseguir no ramo comercial, quando se decidiu ser dono de bar, isso em meados dos anos 50. Seu primeiro estabelecimento, bem nos lembramos, foi na esquina das ruas Juvenal Mesquita e Arthur Conter, defronte a atual escola de música de Antônio Cosmo Nunes (onde à época morávamos e por isso fomos vizinhos). Passado algum tempo ele transferiu seu estabelecimento para a baixada da atual Avenida Moacyr Castanho, depois da Azarias Vieira de Rezende. Ali ele se consolidou no ramo. Com saúde, energia, disposição para o trabalho e muito hábil no trato com o público, era com o êxito de cada dia de trabalho (que não raro se estendia até o dia seguinte) que ele refazia as forças necessárias para o dia seguinte e assim se passaram semanas, meses e anos. Dona Nice, ainda muito moça, terminara por se revelar a mais competente e hábil no preparo das porções e “tira-gostos” que faziam o prazer pantagruélico da clientela, que aumentava a cada dia; Pellegrini, por sua vez, se desdobrava para servir a todos, ora atrás do balcão de tampo maciço, ora de mesa em mesa, que iam até a calçada, afora as do “reservado. Observando-o trabalhar, a gente lembrava o caso inverossímil do jogador que “cobrava o escanteio e corria até a área para cabecear para o gol”. A dupla João e dona Nice era realmente admirável e por isso, alvo dos elogios dos fregueses, que faziam fila esperando a vez.
Os “agrônomos” (assim eram chamados os estudantes de agronomia da Ffalm (hoje Campus “Luiz Meneghel” da Uenp), vindos de várias cidades do Paraná e de outros estados, faziam do “Bar do Pellegrini” a “sua casa” em Bandeirantes. Nós, assim como o professor Celso Souto, Odair Buzato, Aldo Mania e outros “habitués” da casa, testemunhamos mais de uma vez, “agrônomos” apresentarem João Pellegrini e dona Nice aos seus pais, que se tornaram novos amigos do casal.
Enquanto isso, o filho Carlos, incentivado pelo edificante exemplo do tio Sebastião (odontólogo de primeiríssima linha e pai do também odontólogo Nicácio Pellegrini), cursava odontologia numa faculdade gaúcha, onde anos mais tarde se formaria no mesmo ramo o irmão Claudemir (este, além do especialista que se tornou nas arcadas dentárias, é atualmente um dos edis mais conceituados e atuantes da Câmara Municipal de Itambaracá). Cláudio tornou-se um exímio protético do ramo, e a irmã Sônia, artesã das mais destacadas, tem hoje, como tarefa precípua, o cuidado da mãe, o que com todo o desvelo, fazia também com o pai.
De João Jácomo há muito mais para se dizer, mas o intuito destas modestas linhas não é o de biografá-lo, senão o de lhe prestar as homenagens de um amigo que, do casal e dos filhos, outra coisa não recebeu a não ser muita amizade e consideração. Por fim e por derradeiro, lembramos do singularíssimo fato de um discreto dono de bar que de tão estimado e considerado que foi, especialmente pelos estudantes de agronomia, foi homenageado na cerimônia de formatura nos anos 2000. Esse dono de bar, foi João Jácomo Pellegrini, cujos filhos, nora e sobrinho compõem a maior – e das mais competentes – confraria odontológica familiar da região. Com imensa gratidão por ter sido seu amigo, transmitimos à dona Nice, filhos (aí inclusas as noras) e netos, os nossos sentimentos e pesar pela sua irreparável perda, na certeza de que ele descansa em paz, como fez jus pelo exemplo da pessoa que foi e que nos deixa como seu legado.
Walter de Oliveira, 89, Serventuário da Justiça aposentado
Sônia se tem alguém que precisa agradecer sou eu e todos que frequentaram o bar nos anos 80 e fomos clientes e amigos de seu pai e de toda a família!!
Pois no meu caso tinha porta aberta até na cozinha!!!
O Seu João e a esposa foram meus segundos país !!!
Nós 4 anos de faculdade sempre fui frequentador do bar do Seu João l!!!
Muitas vezes sai de lá bebado é só paguei a conta no dia seguinte!!
Outra similitude que tinha com Seu João era a cidade natal!! Eu de Santa Bárbara d’Oeste e ele de Americana!!!
Simplismente linda sua homenagem.Obrigada pelo reconhecimento. Deus o abençoe.