Por Walter de Oliveira
NOTA EXPLICATIVA
Já há mais de uma década que me ocupo em levantar dados para o livro BANDEIRANTES, DO SERTÃO À UNIVERSIDADE, que estou escrevendo, visando ao resgate da história do município. Com aproximadamente 300 páginas ilustradas, o livro, a ser lançado em dezembro de 2022, trará registros que retroagem ao ano de 1897, data do ajuizamento da Ação de Divisão Judicial da “Posse” Fazenda Laranjinha (50 mil alqueires de terras ainda em matas), situada nas bacias dos rios Cinzas e Laranjinha, onde surgiram os municípios de Bandeirantes e outros da região.
O porque em pesquisar os autos daquela ação divisória é o fato de o perito que demarcou aquelas terras, o engenheiro Carlos Borromei (primeiro homem branco a pisar a região), ter erguido o seu acampamento numa clareira que abriu nas matas à margem do Ribeirão das Antas e em torno do qual surgiu um ajuntamento de ranchos de posseiros. O lugar ficou conhecido por “Invernada”, nome do primeiro distrito Judiciário de Bandeirantes. Era o começo da história do município.
Pretendo publicar semanalmente, alguns fragmentos da nossa história e hoje relatarei como se deu a fundação da Usina Bandeirante, em 1941.
USINA BANDEIRANTE (USIBAN) – A MAIS ANTIGA EM FUNCIONAMENTO NO PARANÁ.
Nascida do sonho, da visão e da coragem de um piracicabano, a Usina Bandeirante lançou aqui os seus alicerces nos idos de 1941, depois do seu fundador, Luiz Meneghel, empreender várias viagens de sondagem e pesquisa à região. A fama das terras roxas do norte do Paraná corria mundo e Meneghel resolveu ver isso de perto. Primeiramente, conheceu Cambará e depois Andirá. Apesar de ter gostado muito de Cambará, ele escolheu Bandeirantes por influência do cunhado Domenico Zambon, pessoa da sua maior estima e confiança. Influiu também nessa escolha o conselho de Pompeo Tomasi, italiano naturalizado brasileiro, aqui já estabelecido com açougue e posto de gasolina e que Meneghel conheceu por ser hóspede do mesmo hotel em que se hospedou, o velho Hotel Minho, primeiro hotel aqui aberto, hoje desativado. Para instalar a hoje conhecida Usiban, Meneghel escolheu uma área às margens do córrego Água do Caixão, a apenas 3 quilômetros da cidade, cuja proximidade da usina muito ajudou no seu desenvolvimento. Definido o lugar para montar a usina, começou a “luta” entre homem e mata para abrir o espaço necessário à implantação da indústria e o plantio dos canaviais.
À falta das vorazes motosserras de hoje, foram os machados e os serrotões, manejados cada qual por 2 homens, que puseram abaixo as centenárias árvores que cobriam a região e escondiam sob sua guarda a terra roxa e fértil. Mas, por fim, derrubou-se a mata, sulcou-se a terra, plantou-se os canaviais e decorridos 2 anos do lançamento dos seus alicerces, em 1943, a Usiban fazia a sua primeira safra, produzindo 1.843 sacas de açúcar cristal. A destilação de álcool começou na safra seguinte, 1944.
Hoje, decorridos 79 anos daquele marco histórico, a Usiban está na sua 79ª safra, sem falhar um ano sequer, produzindo anualmente milhares de toneladas de açúcar cristal e VHP e milhões de litros de álcool anidro e hidratado, produção essa originada de canaviais próprios e de fornecedores, plantados em Bandeirantes e sete outros municípios vizinhos.
Maior geradora de empregos da região e de cuja economia é, também, o “carro chefe”, pode-se afirmar, com segurança, que é difícil imaginar Bandeirantes e região sem a Usiban e tudo o mais que dela nasceu. Basta, como exemplo disso, citar a FFALM, hoje Campus “Luiz Meneghel” da UENP – Universidade Estadual Norte do Paraná, com seus 6 cursos de graduação estadualizados (agronomia, medicina veterinária, enfermagem, ciências biológicas, sistemas de informação e ciências da computação e computação), 2 cursos de pós-graduação com mestrado em agronomia e residência em medicina veterinária, seus 1.096 estudantes, 173 professores e 71 funcionários.
Conservada exatamente como foi construída, a imponente e solitária chaminé da Usiban se traduz num símbolo e também numa testemunha eloquente do resultado advindo do sonho de um homem de visão, coragem, intrepidez e resiliência. A Usiban é atualmente gerida por descendentes do seu fundador: o filho Daniel Meneghel, como Diretor-Presidente e o neto Marcos Meneghel, como Diretor-Superintendente. Outros familiares desempenham funções na empresa, trazendo no seu DNA os genes herdados do seu ilustre ancestral, com o mesmo devotamento ao trabalho e à ciosidade de seus deveres e obrigações, como convém a todo homem de bem.
Walter de Oliveira, 88, natural de Bandeirantes, serventuário da Justiça aposentado. Foi funcionário da usina (1959/62) e é portador do título de “Amigo da Usiban”, do cinquentenário da empresa.
Buongiorno
Conheci a usina em 1951. Meu tio Miguel Tornisiello era o contador.
Bom dia procuro por familiares do Sr. Florêncio.. segundo informações ele trabalhou muito antigamente nessa Usina.
Agradeço
Sr Walter,
Q relato fantástico, meu pai trabalhou também na época do Seu Luis, saímos daí em dez de 77 mas qdo lembro de Btes lembro com amor pois aí passei a fase mágica da minha vida 1 é a infância, com certeza também vou querer um exemplar e qdo retornar à minha Btes quero retratá-la por inteira, Deus abençoe à todos…Celso Dias
Sr. Walter
Lendo esse artigo sobre Bandeirantes tive a satisfação de ler sobre meu avô Pompeu Tomasi, me lembrei das férias que passei na cidade, minha mãe Maria Aparecida Tomasi Novaes, pelo que ela é m8nha avó sempre falou foi a primeira mulher a nascer em Bandeirantes, esse ano ela com0leta 90 anos.
Parabéns pelo seu trabalho, quando for publicado gostaria de um exemplar .
Abrs