Psiquiatra explica sobre os transtornos e como tratar
Como saber se alguém com quem convive ou até mesmo você, pode estar sofrendo do transtorno bipolar? A síndrome da bipolaridade é marcada pela alternância entre episódios de depressão e de euforia; as crises podem variar em intensidade, frequência e duração.
O psiquiatra do Centro de Assistência Psicossocial (Caps) de Bandeirantes, médico Rafael Negrão Ferreira, que atende quinzenalmente no Município, conversou com a equipe do Folha do Norte e explicou sobre o transtorno bipolar, distúrbio que atinge cada vez mais as pessoas pelo mundo.
FOLHA DO NORTE: Doutor o que é a bipolaridade?
RAFAEL NEGRÃO: É um transtorno do humor. Fazendo uma analogia, o humor na nossa vida é como pano de fundo que se encontra nos teatros, ou seja, é onde tudo acontece. Em nós, o humor é basicamente isso. Às vezes estamos mais deprimidos, outras mais eufóricos. E na bipolaridade esse humor polariza e vai aos extremos, tanto para a depressão, quanto pela euforia exagerada. Também é possível se manifestar na irritabilidade, que gera muita raiva e agressividade. Quando esse humor se manifesta de forma desconexas temos a bipolaridade.
FN: E quando esse humor fica desconexo, o que pode acontecer?
RN: Se a pessoa está em um estado de tristeza profunda, ela perde a vontade de viver, perde o entusiasmo pela vida e muitas vezes isso pode levar ao suicídio. Nos casos de euforia exagerada, a pessoa pode apresentar pensamentos acelerados, não tem mais necessidade de dormir e outros sintomas.
FN: Existe tratamento para bipolaridade?
RN: Sim. Existe tratamento, cuidado, intervenções que são feitas para a melhora do paciente e da sua qualidade de vida. Há uso e existem medicações que são muito importantes para tal. Há ainda, as terapias que são comportamentais que somam ao tratamento. A busca por um tratamento adequado é fundamental. Num contexto abrangente, o que se precisa perder é o preconceito.
FN: Atualmente a procura por ajuda aumentou?
RN: Sim. O volume, a demanda tem aumentado. Isto porque as pessoas têm se informado, buscado mais conhecimento e em consequência procura por ajuda. Muitas vezes a pessoa não entende o que está acontecendo com ela mesma, sobre sua situação, entretanto, os familiares que identificam as alterações acabam por ir em busca de ajuda, apoio.
FN: O diagnóstico da bipolaridade é fácil?
RN: Às vezes, a pessoa vem com um quadro de depressão, ansiedade, crise do pânico, e começa a ser tratada, mas só depois vem o diagnóstico de bipolaridade. Pode demorar até dois anos para fechar diagnóstico.
FN: E em relação a esquizofrenia ela é mais difícil de diagnosticar?
RN: A esquizofrenia não é um quadro de humor como a bipolaridade, mas se enquadra no aspecto da psicose. É um quadro mais disfuncional, ou seja, o transtorno se define como uma perda da realidade. A pessoa pode ter percepções visuais, auditivas, olfativas, sensoriais, porém ela tem uma vivência fora da realidade. Tal distúrbio acaba por tirar a pessoa do convívio diário, já que ocorre situações de alucinações, delírios, dificuldades no raciocínio e alterações no comportamento como indiferença afetiva e isolamento social. Ou seja, é uma desestruturação psíquica, um transtorno mental grave. O índice de incidência, de surgimento, acontece entre os jovens de 15 a 25 anos.
Para atendimento com o médio psiquiatra Rafael Negrão é preciso procurar o Caps Bandeirantes e agendar horário.