Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos falar sobre o bem-aventurado Francisco.
SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano.
Do comportamento dos irmãos que cuidavam de São Francisco e de como ele desejava viver
Saudava-o muitas vezes com bênçãos originais e, embora fosse filho devotamente submisso, por inspiração do Espírito Santo às vezes o consolava com uma conversa paternal, como “para cumulá-lo das bênçãos dos pais na espera do Desejado das colinas eternas” (cfr. Gen 49,26). O cardeal também tinha uma amizade enorme pelo santo, e por isso aprovava tudo que o santo dizia ou fazia; e só de vê-lo ficava muitas vezes todo comovido. Ele próprio afirmava que nunca tivera perturbação ou tentação tão grandes que não passassem só de ver ou conversar com o santo, o que lhe devolvia a serenidade, afugentava o aborrecimento e o fazia aspirar à alegria do alto.
Pusera-se ao serviço de São Francisco como um servo ao seu senhor, e sempre que o via fazia-lhe uma reverência como a um apóstolo de Cristo, inclinando-se exterior e interiormente, e muitas vezes lhe beijava as mãos com seus lábios consagrados. Interessou-se com solicitude e devoção para que o santo pai pudesse recuperar a antiga saúde dos olhos, vendo nele um homem santo e justo, muito útil e necessário à Igreja de Deus. Compartilhava os sofrimentos de toda a família dos frades, compadecendo-se dos filhos no pai. Por isso, exortava o santo pai a cuidar de sua saúde e a não recusar os remédios necessários na doença, pois esse descuido podia ser-lhe imputado como falta e não como merecimento.
Aceitando com humildade tudo que lhe foi dito por um senhor tão reverendo e um pai tão querido, daí por diante São Francisco teve o maior cuidado e prudência com o que era necessário para sua cura. Só que a doença tinha se agravado tanto que para qualquer melhora exigia um especialista muito hábil e remédios muito dolorosos. Por essa razão, embora lhe tenham cauterizado a cabeça em diversos lugares, feito sangrias, colocado emplastros e derramado colírios, nada adiantou.
Quase sempre foi ficando pior. O santo suportou isso com toda paciência e humildade, durante quase dois anos, dando em tudo graças a Deus. Para pensar mais livremente em Deus, e para percorrer as moradas do céu em seus êxtases frequentes, vivendo na riqueza da graça diante do dulcíssimo e sereníssimo Senhor do universo, confiou o cuidado de sua pessoa a alguns frades verdadeiramente dignos de sua predileção.
Eram homens virtuosos, entregues ao Senhor, gratos aos santos, aceitos pelos homens, sobre os quais o santo pai Francisco se apoiava como uma casa sobre quatro pilares. Não lhes vou citar os nomes agora em respeito a sua modéstia, que sempre foi íntima amiga desses santos frades. A modéstia, aliás, é ornamento de todas as idades, testemunha da inocência, indício de um coração puro, norma de conduta, glória especial da consciência, guarda de boa fama e distintivo de toda honestidade. Foi a virtude que adornou esses companheiros do santo e os tornou amáveis e aceitos por todos. Foi uma graça comum a todos, mas cada um tinha sua virtude. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa
Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.