Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos falar sobre o bem-aventurado Francisco.
PRIMEIRO LIVRO de Tomás de Celano – Primeira Vida.
Para louvor e glória de Deus todo-poderoso Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
Começa a vida do nosso beatíssimo Pai Francisco.
Do conhecimento que o bem-aventurado Francisco tinha das coisas ausentes.
Dizia-lhes também o santo pai que a verdadeira obediência devia ser até descoberta antes de manifestada e desejada antes de imposta. Isto é: “Se um irmão que é súdito não só ouvir a voz mas até perceber a vontade de seu superior, deve tratar de obedecer imediatamente e de fazer o que, por algum indício, adivinhou que ele quer”. Em qualquer lugar onde houvesse uma igreja, mesmo que não estivessem presentes, contanto que a pudessem ver de longe, prostravam-se por terra na sua direção e, inclinados de corpo e alma, adoravam o Todo-Poderoso, dizendo: “Nós vos adoramos, ó Cristo, em todas as vossas igrejas”, como lhes ensinara o santo pai. E, o que não é menos para se admirar, faziam o mesmo onde quer que vissem uma cruz ou seu sinal, no chão, numa parede, nas árvores ou nas cercas do caminho. A tal ponto tinham-se enchido de simplicidade, aprendido a inocência e conseguido a pureza de coração, que detestavam toda falsidade e, como tinham a mesma fé, tinham também o mesmo espírito, uma só vontade, um só amor. Eram sempre coerentes, procediam de acordo, cultivavam as virtudes, procuravam ter as mesmas opiniões e ser igualmente generosos no que faziam. Confessavam-se frequentemente com um padre diocesano, que tinha muito má fama e merecia o desprezo pela enormidade de seus pecados. Muita gente chamou a atenção deles para a maldade do padre, mas não quiseram acreditar de maneira nenhuma e nem por isso deixaram de confessar-se como de costume, nem lhe perderam o respeito. Uma vez, esse ou um outro sacerdote disse a um dos frades: “Irmão, não sejas hipócrita! ” O frade, por ser a palavra de um sacerdote, logo ficou pensando que era mesmo um hipócrita. Lamentava-se por isso dia e noite, muito penalizado. Perguntaram-lhe, então, os frades por que estava tão triste e donde lhe vinha esse abatimento incomum, e ele respondeu: “Um padre me disse que sou hipócrita, e isso me doeu tanto que nem consigo pensar noutra coisa”. Para o consolar, os irmãos disseram que não devia acreditar nisso. Mas ele respondeu: “Que estais dizendo? Foi um padre que me disse isso. Como um padre não pode mentir, precisamos acreditar no que ele disse”. Permaneceu muito tempo nessa simplicidade, acalmando-se afinal pela palavra do santo pai, que lhe explicou melhor o que o padre tinha dito e desculpou sabiamente sua intenção. Dificilmente podia algum frade ficar tão perturbado que sua palavra ardente não lhe afastasse qualquer dúvida e não lhe devolvesse a serenidade. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa
Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.