Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos falar sobre o bem-aventurado Francisco.
PRIMEIRO LIVRO de Tomás de Celano – Primeira Vida.
Para louvor e glória de Deus todo-poderoso Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
Começa a vida do nosso beatíssimo Pai Francisco.
Da clareza e firmeza do pensamento de São Francisco
Olhava a maior das multidões como se fosse uma só pessoa e falava a cada pessoa com todo o fervor como se fosse uma multidão. A segurança que tinha para falar era resultado de sua pureza de coração, pois, mesmo sem se preparar, falava coisas admiráveis, que ninguém jamais tinha ouvido. Se, diante do povo reunido, não se lembrava do que tinha preparado e não sabia falar de outra coisa, confessava candidamente que tinha preparado muitas coisas e não estava conseguindo lembrar nada. De repente, enchia-se de tanta eloquência que deixava admirados os ouvintes. Mas houve ocasiões em que não conseguiu dizer nada, deu a bênção e, só com isso, despediu o povo com a melhor das pregações. Uma vez teve que ir a Roma por causa da Ordem e sentiu muita vontade de falar diante do Papa Honório e dos veneráveis cardeais. Sabendo disso, Dom Hugolino, o glorioso bispo de Óstia, que tinha uma especial amizade pelo santo de Deus, ficou cheio de temor e de alegria, porque admirava o fervor do santo, mas também sabia como era simples. Apesar disso, confiando na misericórdia do Todo-poderoso, que no tempo da necessidade nunca falta aos que o veneram com piedade, apresentou-o ao Papa e aos eminentíssimos cardeais. Diante dos importantes príncipes, o santo pediu a licença e a bênção e começou a falar com toda a intrepidez. Falava com tanta animação que, não se podendo conter de alegria, dizia as palavras com a boca e movia os pés como se estivesse dançando, não com malícia, mas ardendo no fogo do amor de Deus: por isso não provocou risadas, mas arrancou o pranto da dor. De fato, admirados pela graça de Deus e a segurança desse homem, muitos deles ficaram compungidos de coração. Entretanto, receoso, o venerável bispo de Óstia rezava fervorosamente ao Senhor para que a simplicidade do santo homem não fosse desprezada, porque isso resultaria em desonra para ele, que tinha sido constituído pai de sua família. Porque São Francisco se ligara a ele como um filho ao pai e como um filho único à sua mãe, achando que em seus braços podia descansar e dormir tranquilo. Ele assumira e exercia o cargo de pastor, e deixava o título para o santo. O bem-aventurado pai cuidava do que era necessário, mas o hábil senhor fazia com que tudo fosse realizado. Quantas pessoas, especialmente no princípio, tentaram acabar com a implantação da Ordem! Quantos procuraram sufocar a vinha escolhida que a mão do Senhor tinha plantado havia pouco neste mundo! Quantos tentaram roubar e consumir seus primeiros e melhores frutos! Mas todos foram vencidos e desbaratados pela espada de tão reverendo pai e senhor. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa
Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.