Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar a falar de Santa Clara “Plantinha” do Pai Seráfico.
As virtudes de Santa Clara
Por isso, tendo abandonado a casa, a cidade e os parentes, apressou-se para Santa Maria dos Anjos, onde os frades, que montavam sentinela no recinto de Deus, receberam a virgem prudente que ia ao encontro de Esposo com a lâmpada não vazia, carregando eles mesmos fachos ardentes nas mãos: e depois que ela cortou os cabelos diante do altar da Virgem mãe de Deus e foi revestida com o hábito da religião, levaram-na a um mosteiro vizinho de mulheres consagradas. Nem era conveniente que fosse levada a florescer em outro lugar, na véspera dos tempos, a ordem da virgindade, a não ser no leito daquela que foi a primeira de todos e a única que se tornou mãe e virgem, para que como que diante de sua cama a humilde serva unida ao sublime esposo, ouvisse primeiro os doces cânticos angélicos do drama que deveria cantar para sempre, e depois os cantasse em harmônica jubilação. Depois disso, o inimigo do gênero humano suscitou uma grave perseguição dos parentes, mas ela a superou pela força da virtude celeste e se mudou com uma irmã virgem, chamada Inês, que também tinha se convertido a votos semelhantes pelas preces e lágrimas do santo, para a igreja de São Damião, para cuja reparação o homem de Deus Francisco tinha recebido um mandato por uma voz da própria cruz que se dirigira milagrosamente a ele. Por amor do esposo celeste, a virgem Clara fechou-se na prisão desse lugarzinho. Aí, escondendo-se da tempestade do mundo, encarcerou seu corpo enquanto viveu. Fazendo seu ninho na caverna dessa muralha, como uma pomba simples e gemente, fundou um mosteiro sagrado, começando a Ordem das Senhoras Pobres. Espalhando-se, assim, por toda parte, a fama de sua santidade, no odor dos perfumes espirituais começaram a acorrer as jovens, preferindo a união com o esposo celeste a toda suavidade das alegrias do mundo, empenhando-se pelo seu amor principal a levar uma vida religiosa e celibatária sob clausura perpétua. Dedicadas, portanto por essa religião ao Cristo Senhor, percebendo que essa era a pedra fundamental, tratou de colocar desde o princípio o alicerce de todas as virtudes na santa humildade, para que todas as que a sucedessem e se submetessem ao seu regime, como mais vil por sua própria reputação, demonstrasse em si mesma uma verdadeira forma da humildade, tanto por um obséquio mais pronto como por um culto mais desprezível. Pois também o governo das Irmãs pobres, embora o tenha aceitado só obrigada pela obediência, entregava-se mais solicitamente às obras do seu serviço, ainda que fossem desprezíveis e abjetas, humilhando não menos o coração do que o corpo. Lavando os pés enlameados das servas que saíam do mosteiro, enxugando-os e beijando-os, de acordo com o exemplo de nosso Salvador, e às que trabalhavam dentro com obséquios mais laboriosamente, como se fosse uma serva que se paga…
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.