Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos falar sobre o bem-aventurado Francisco.
PRIMEIRO LIVRO de Tomás de Celano – Primeira Vida.
Para louvor e glória de Deus todo-poderoso Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
Começa a vida do nosso beatíssimo Pai Francisco.
Do amor que, pelo Criador, dedicava a todas as criatura
Seguindo o conselho do irmão que o acompanhava, devolveu-os ao mesmo homem para cuidar deles, mandando-lhe que nunca os vendesse nem lhes fizesse mal algum, mas que os conservasse, alimentasse e tratasse com carinho. Seria muito longo e praticamente impossível enumerar e descrever tudo que o glorioso pai São Francisco fez e ensinou durante a sua vida. Como contar o afeto que tinha para com todas as coisas de Deus? Quem seria capaz de mostrar a doçura que sentia quando contemplava nas criaturas a sabedoria, o poder e a bondade do Criador? Ao ver o sol, a lua, as estrelas e o firmamento, enchia-se muitas vezes de alegria admirável e inaudita.
Piedade simples, simplicidade piedosa! Tinha um amor enorme até pelos vermes, por ter lido sobre o Salvador: Sou um verme e não um homem. Recolhia-os por isso no caminho e os colocava em lugar seguro, para não serem pisados pelos que passavam. Que poderei dizer mais sobre as outras criaturas inferiores, se até para as abelhas, para que não desfalecessem no rigor do frio, fazia dar mel ou um vinho de primeira? A operosidade e o engenho das abelhas exaltavam-no a tão grande louvor de Deus que muitas vezes passou o dia louvando a elas e às outras criaturas. Como os três jovens de antigamente, colocados na fornalha em brasa, sentiram-se convidados por todos os elementos para louvar e glorificar o Criador de todas as coisas, também este homem, cheio do espírito de Deus, não cessava de glorificar, louvar e bendizer o Criador e Conservador do universo por meio de todos os elementos e criaturas.
Que alegria a sua diante das flores, ao admirar-lhes a delicada forma ou aspirar o suave perfume! Passava imediatamente a pensar na beleza daquela flor que brotou da raiz de Jessé no tempo esplendoroso da primavera e com seu perfume ressuscitou milhares de mortos. Quando encontrava muitas flores juntas, pregava para elas e as convidava a louvar o Senhor como se fossem racionais. Da mesma maneira, convidava com muita simplicidade os trigais e as vinhas, as pedras, os bosques e tudo que há de bonito nos campos, as nascentes e tudo que há de verde nos jardins, a terra e o fogo, o ar e o vento, para que tivessem muito amor e louvassem generosamente ao Senhor. Afinal, chamava todas as criaturas de irmãs, intuindo seus segredos de maneira especial, por ninguém experimentada, porque na verdade parecia já estar gozando a liberdade gloriosa dos filhos de Deus. Na certa, ó bom Jesus, ele que na terra cantava o vosso amor a todas as criaturas, estará agora a louvar-vos nos céus com os anjos porque sois admirável. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa
Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.