Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos falar sobre o bem-aventurado Francisco.
PRIMEIRO LIVRO de Tomás de Celano – Primeira Vida.
Para louvor e glória de Deus todo-poderoso Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
Começa a vida do nosso beatíssimo Pai Francisco.
Como o Senhor visitou-lhe o coração por meio de uma doença e de uma visão noturnas.
Todos o admiravam e ele procurava sobrepujar aos outros no fausto da vanglória, nos jogos, nos passatempos, nas risadas e nas conversas fúteis, nas canções e nas roupas delicadas e luxuosas. Na verdade, era muito rico, mas não avarento, antes pródigo; não ávido de dinheiro, mas gastador; negociante esperto, mas esbanjador insensato. Mas era também muito humano, muito jeitoso e afável, embora para sua própria insensatez. Porque era principalmente por isso que muitos o seguiam, gente que fazia o mal e incitava para o crime. Cercado por bandos de maus, adiantava-se altaneiro e magnânimo, caminhando pelas praças de Babilônia até que Deus o olhou do céu. Por causa do seu nome, afastou para longe dele o seu furor e pôs-lhe um freio à boca com o seu louvor, para que não perecesse de vez. Desde então esteve sobre ele a mão do Senhor e a destra do Altíssimo o transformou para que, por seu intermédio, fosse concedida aos pecadores a confiança na obtenção da graça e desse modo se tornasse um exemplo de conversão para Deus diante de todos. De fato, quando ele ainda vivia no pecado com paixão juvenil, arrastado pelas paixões da idade e incapaz de controlar- se, poderia sucumbir ao veneno da antiga serpente. Mas a vingança, ou melhor, a misericórdia divina, subitamente desperta sua consciência através de uma angústia na alma e de uma enfermidade no corpo, conforme as palavras do profeta: “Hei de barrar teu caminho com espinhos e cercá-lo de muralhas (cfr. Is 48,9) ”. Prostrado por longa enfermidade, que é o que merece a teimosia dos homens que não se emendam a não ser com castigo, começou a refletir consigo mesmo de maneira diferente. Já um pouco melhor, e apoiado em um bastão, começou a andar pela casa para recuperar as forças. Certo dia, saiu à rua e começou a observar com curiosidade a região que o cercava. Mas nem a beleza dos campos, nem o encanto dos vinhedos, nem coisa alguma agradável de se ver conseguia satisfazê-lo. Ficou surpreso com sua mudança repentina e começou a julgar estultíssimos os que amavam essas coisas. Desde esse dia, começou a ter-se em menos conta e a desprezar as coisas que antes tinha admirado e amado. Mas não inteiramente e de verdade, porque ainda não estava livre das cadeias das vaidades, nem tinha sacudido do pescoço o jugo da perversa servidão. É muito difícil deixar as coisas com que alguém se acostumou e não é fácil libertar-se do que uma vez se aceitou. Mesmo depois de longa abstenção, o espírito volta ao que tinha aprendido e o costume geralmente transforma o vício em segunda natureza. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa
Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.