Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar a falar de Santa Clara “Plantinha” do Pai Seráfico.
Notificação da Morte
As Irmãs que moram em Assis saúdam no Autor da Salvação todas as Irmãs da Ordem de São Damião que estão estabelecidas pelo mundo. Feridas pelo aguilhão de uma lúgubre tristeza, queremos contar-lhes, em pranto, a história do caso doloroso e lhes referiremos, não sem sofridos lamentos, a funesta notícia: o espelho da estrela da manhã, em cujo esplendor nós admirávamos o reflexo da luz verdadeira, desapareceu de nossa visão. Pereceu o báculo de nossa religião. A portadora de nossa profissão, que horror! Deixou o estádio da peregrinação humana, quando Clara, nossa senhora, guia, mãe venerável e mestra, chamada pelo mensageiro que desagrega a união da carne, voou para o tálamo do Esposo celestial. Esse voo festivo, triunfal passagem das coisas terrenas para as supernas, da sombra da escuridão para o brilho, embora encha espiritualmente nossos sentidos de gozo, temporalmente confunde nossos olhos em uma aluvião de prantos. Pois, apesar de tê-la arrancado do caminho escorregadio do prazer humano, colocando-a na senda da salvação, ai! Abandonou a nossa presença. Talvez pelas culpas da nossa imperfeição, o Senhor achou melhor que Clara fosse clarear gloriosa as mansões celestes em vez de continuar morando, graciosa para as irmãs, nas habitações da terra. E ela de fato mereceu, se lembrarmos os méritos de sua perfeição, pelos quais floresceu na vigilante contemplação do Senhor nos mais verdes anos. Ela, que manifestara os votos de sua devoção em tão ingênuos cultos; ela, que de tal forma havia consagrado o lírio do pudor virginal para os esponsais com Cristo, abominando os prazeres terrenos; ela, que de tal modo se havia comprometido nupcialmente com o anel da afeição que, notavelmente bonita, opulenta em muitas riquezas, nascida em uma casa abastada, quando chegou à idade núbil vestiu um hábito pobre em vez da púrpura do casamento, uma mortalha em vez de um vestido de noiva, e em vez de um cinturão de esposa cingiu uma corda. Que casamento solene, que fecunda virgindade, pois, limpa de todo contato carnal, veio a ter tão abundante e numerosa descendência! Admirável fecundidade de um germe que, sem conhecer corrupção alguma, propagou uma prole incontável, contando com o sopro da inspiração divina! Considerai, irmãs, que espanto! Considerai como resplandeceu a sensibilidade feminina ilustrada por tantas virtudes! Como brilhou pelo vigor da fortaleza aquela que superou intacta os passos da lubricidade mundana, aquela que, ferida pelo aguilhão de prolongada enfermidade, já mordida pela fraqueza da idade avançada, não se entregou aos gemidos queixosos como fazem os sofredores, não abriu a boca para reclamar. Até mais: quanto mais fortemente atingida pelo calcanhar da doença, com tanta maior devoção oferecia ao Senhor seu cântico de louvor…
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa
Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.