Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o resumo da primeira Vida – Tomás de Celano.
Era apenas um resumo da primeira Vida, feito para os frades lerem nas suas celebrações. Não dá nenhuma informação nova mas compreendia muito bem a experiência religiosa do homem que se apaixonou por Deus, pela criação, e experimentou tudo que Jesus “tinha feito na carne”.
O texto latino publicado em 1941 e reapresentado nas “Fontes Franciscana” foi reconstruído pelos estudiosos de Quaracchi a partir de onze manuscritos, inclusive o 338 de Assis. Tu me pediste, Frei Bento, que escolhesse alguma coisa da Legenda de nosso beatíssimo Pai Francisco e montasse uma série de nove leituras para serem postas nos breviários, para que, sendo breves, estivessem ao alcance de todos. Fiz o que pude, e como é um homem de desejos, dei conta de tua vontade com toda devoção, ainda que me tenha faltado dignidade. Peço como pagamento deste breve trabalho o fruto permanente da santa oração. O bem-aventurado Francisco, natural da cidade de Assis, foi educado desde a infância de maneira insolente. Tornou-se um negociante e, quase até aos vinte e cinco anos de idade, gastou seu tempo vivendo na vaidade. Pois quando, sem nenhuma virtude, nem se importava com as consequências de se envolver com este mundo, Deus o corrigiu com o flagelo da doença, e assim, por uma mudança da destra do Excelso, tornou-se de repente um outro homem, e se entregou de uma vez a adquirir o reino dos céus, desprezando as riquezas deste mundo. Vendeu tudo que tinha, ofereceu o dinheiro adquirido a um presbítero pobre e como este, por medo dos pais não o quis receber, jogou-o na frente dele resolutamente, desprezou como se fosse pó. Então foi amarrado pelo pai carnal, preso, castigado, acorrentado, mas desprezou a salvação do corpo pelo nome do Salvador. Foi desprezado pelos concidadãos, atacado com barro e pedras, mas fixou o coração em Deus e se fez surdo a tudo isso. Certo dia, ouvindo no Evangelho o que o Senhor disse a seus discípulos enviados a pregar, tratou imediatamente de observar tudo com toda força. Tirou os calçados dos pés, vestiu uma só túnica, mas vil, e no lugar do cinto improvisou uma corda; e enquanto viveu tratou de cumprir todas as outras coisas com a maior diligência. Abandonou a pátria, morto para o mundo, e andava sem medo. No tempo de neve foi preso por ladrões e jogado nu por eles na neve. Foi para um mosteiro, mas aí o desprezaram, foi embora sem nada, saiu despido. Nesse tempo, diminuindo-se cada vez mais, foi morar com os leprosos e cuidou com diligência daqueles que antes tinha desprezado; limpava feridas, lavava o pus, abraçava neles tudo que horrorizava os outros. Então o Senhor abriu sua mão para encher também a outros de bênção. Deu-lhe companheiros e seguidores, que o pai formou nos costumes piedosos, ensinou a seguir a perfeição evangélica, a assumir o título da mais alta pobreza e a avançar pelo caminho da santa simplicidade. Propôs a todos a palavra da penitência e, mesmo falando com simplicidade, anunciou a palavra de Deus com um coração aberto. Começava todos os seus sermões falando da paz e ia ao encontro de todos usando a palavra da paz para saudar. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.