Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos falar de Santa Clara “Plantinha” do Pai Seráfico.
Como, convertida pelo bem-aventurado Francisco, passou do século para a religião.
Bem depressa, para que o pó do mundo não pudesse mais empanar o espelho daquela alma límpida e o contágio da vida secular não fermentasse o ázimo de sua idade, o piedoso pai tratou de retirar Clara do século tenebroso. Aproximava-se a solenidade de Ramos, quando a jovem, de fervoroso coração, foi ter com o homem de Deus, para saber o que e como devia fazer para mudar de vida. Ordenou-lhe o pai Francisco que, no dia da festa, bem vestida e elegante, fosse receber a palma no meio da multidão e que, de noite,deixando o acampamento (cfr. Hb 13,13), trocasse o gozo mundano pelo luto da paixão do Senhor. Quando chegou o Domingo, a jovem entrou na igreja com os outros, brilhando em festa no grupo das senhoras. Aconteceu um oportuno presságio: os outros se apressaram a ir pegar os ramos, mas Clara ficou parada em seu lugar por recato, e o pontífice desceu os degraus, aproximou-se dela e lhe colocou a palma nas mãos. De noite, dispondo-se a cumprir a ordem do santo, empreendeu a ansiada fuga em discreta companhia. Não querendo sair pela porta habitual, com as próprias mãos abriu outra, obstruída por pesados troncos e pedras, com uma força que lhe pareceu extraordinária. E assim, abandonando o lar, a cidade e os familiares, correu a Santa Maria da Porciúncula, onde os frades, que diante do altar de Deus faziam uma santa vigília, receberam com tochas a virgem Clara. Nesse lugar, livrou-se logo da sujeira da Babilônia e deu ao mundo o libelo de repúdio (cfr. Mt 5,31; Dt 24,1): com os cabelos cortados pela mão dos frades, abandonou seus ornatos variados. Nem convinha que, naquele ocaso dos tempos, fosse fundada em outro lugar a Ordem da florescente virgindade a não ser na casa da que foi a única mãe e virgem, antes e acima de todos. Era o lugar em que a nova milícia dos pobres dava seus felizes primeiros passos sob o comando de Francisco, para ficar claro que em sua casa a Mãe da misericórdia dava à luz as duas Ordens. Depois que a humilde serva recebeu as insígnias da santa penitência junto ao altar da bem-aventurada Maria, como se desposasse Cristo junto ao leito da Virgem, São Francisco levou-a logo para a igreja de São Paulo, para que ficasse lá até que o Altíssimo dispusesse outra coisa. Mal voou a seus familiares a notícia, e eles, com o coração dilacerado, reprovaram a ação e os projetos da moça. Juntaram-se e correram ao lugar para tentar conseguir o impossível. Recorreram à violência impetuosa, ao veneno dos conselhos, ao agrado das promessas, querendo convencê-la a sair dessa baixeza, indigna de sua linhagem e sem precedentes na região. Mas ela segurou as toalhas do altar e mostrou a cabeça tonsurada, garantindo que jamais poderiam afastá-la do serviço de Cristo. A coragem cresceu com o combate dos parentes e o amor ferido pelas injúrias lhe deu forças. Seu ânimo não esmoreceu nem seu fervor esfriou, mesmo sofrendo obstáculos por muitos dias no caminho do Senhor e com a oposição dos familiares a seu propósito de santidade. Amém.
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.