Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos falar de Santa Clara “Plantinha” do Pai Seráfico.
A santa e verdadeira pobreza
Com frequência lavava e beijava os pés das serviçais quando voltavam de fora. Uma vez, estava lavando os pés de uma delas e, quando foi beijá-los, a Irmã não suportou tanta humildade, puxou o pé de repente e bateu com ele no rosto de sua senhora. Esta voltou a tomar o pé da serviçal com ternura e lhe deu um beijo apertado sob a planta. Com a pobreza de espírito, que é a verdadeira humildade, harmonizava a pobreza de todas as coisas. Logo no começo de sua conversão, desfez-se da herança paterna que recebera e, sem guardar nada para si, deu tudo aos pobres.
Depois, deixando o mundo lá fora, com a alma enriquecida interiormente, correu livre, sem bolsa, atrás de Cristo. Fez um pacto tão forte com a santa pobreza, tanto amor lhe consagrou que nada queria possuir nem permitiu que suas filhas possuíssem, senão o Cristo Senhor. Achava que a preciosíssima pérola do desejo do céu, que comprara depois de vender tudo (cfr. Mt 13,46) , não podia ser partilhada com o cuidado devorador dos bens temporais. Em alocuções frequentes, inculcava nas Irmãs que a comunidade seria agradável a Deus na medida em que fosse opulenta de pobreza e que, munida com a torre da mais alta pobreza (cfr. 2Cor 8,2), seria estável para sempre.
No pequeno ninho da pobreza, animava-as a conformar-se com o Cristo pobre, deitado pela mãe pobrezinha em mísero presépio (cfr. Lc 2,7). Pois afivelava o peito com essa singular lembrança, jóia de ouro, para que o pó terreno não passasse para o interior. Querendo destacar sua Ordem com o título da pobreza, solicitou de Inocêncio III, de feliz memória, o privilégio da pobreza. Esse varão magnífico, congratulando-se por tão grande fervor da virgem, disse que o pedido era raro, pois jamais tal privilégio tinha sido pedido à Sé Apostólica. E para corresponder ao insólito pedido com insólito favor, o Pontífice redigiu de próprio punho, com muito gosto, o primeiro rascunho do pretendido privilégio. O senhor papa Gregório, de feliz memória, digno de veneração pelos méritos pessoais e mais ainda pelo cargo, amava com especial afeto paterno a nossa santa.
Quando tentou convencê-la a aceitar algumas propriedades que oferecia com liberalidade pelas circunstâncias e perigos dos tempos, ela resistiu com ânimo fortíssimo e não concordou, absolutamente. Respondeu o Papa: “Se temes pelo voto, nós te desligamos do voto”, mas ela disse: “Pai santo, por preço algum quero ser dispensada de seguir Cristo para sempre”. Recebia muito alegremente as esmolas em fragmentos e os pedacinhos de pão levados pelos esmoleres. Parecia ficar triste ao ver pães inteiros e pulava de alegria diante dos restos. Para que falar tanto? Ela se esforçava por conformar-se na mais perfeita pobreza com o pobre Crucificado, para que nada de perecível afastasse a amante do amado ou a impedisse de correr com o Senhor. Conto dois casos admiráveis que a namorada da pobreza merecesse realizar. Amém.
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.