Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos falar de Santa Clara “Plantinha” do Pai Seráfico.
A prática da santa oração
Chorava, uma vez, na noite profunda, quando apareceu o anjo das trevas na figura de um menino negro, dizendo-lhe: “Não chore tanto, que vai ficar cega”. Respondeu na hora: “Quem vai ver Deus não será cego”. Confuso, ele foi embora. Na mesma noite, depois de Matinas, Clara rezava banhada em pranto como de costume, e chegou o conselheiro enganoso: “Não chore tanto. O cérebro vai acabar derretendo e saindo pelo nariz, deixando-o torto”. Ela respondeu rápido: “Quem serve ao Senhor não sofre nenhum entortamento”. Ele escapou na hora e desapareceu. Os indícios costumeiros comprovam toda a força que tirava da fornalha da oração fervorosa, e como nela gozava com doçura a bondade divina. Pois, quando voltava toda alegre da santa oração, trazia do fogo do altar do Senhor palavras ardentes que acendiam também os corações das Irmãs. Admiravam a doçura que vinha de sua boca e o rosto parecendo mais claro que de costume. Certamente, Deus tinha banqueteado a pobre em sua doçura (cfr. Sl 67,11), e a alma cumulada de luz verdadeira na oração estava transparecendo no corpo. Assim, unida imutavelmente a seu nobre Esposo no mundo mutável, deliciava-se continuamente nas coisas do alto. Firme em virtude estável no rodar versátil, guardando o tesouro da glória em vaso de barro, tinha o corpo na terra e a alma nas alturas. Costumava ir antes que as jovens para as Matinas, acordando-as com sinais silenciosos e incitando-as ao louvor. Em geral, acendia as luzes quando as outras dormiam. Muitas vezes era ela que tocava o sino. Em seu convento, não havia lugar para tibieza, nem desídia, pois a preguiça era atacada por forte estímulo para orar e servir ao Senhor. Quero contar aqui, com toda a fidelidade à verdade, os prodígios de sua oração, mais que dignos de veneração. Durante a tormenta que a Igreja sofreu em diversas partes do mundo sob o imperador Frederico, o vale de Espoleto teve que beber muitas vezes o cálice da ira. Por ordem do imperador, aí se estabeleceram, como enxames de abelhas, esquadrões de cavalaria e arqueiros sarracenos, despovoando castelos e aniquilando cidades. Quando o furor inimigo se dirigiu uma vez contra Assis, cidade predileta do Senhor, o exército já estava chegando perto das portas, e os sarracenos, gente péssima, sedenta de sangue cristão e desavergonhadamente capaz de qualquer crime, entraram no terreno de São Damião e chegaram até dentro do próprio claustro das Irmãs. O coração das senhoras derretia-se de terror. Tremendo para falar, levaram seus prantos à madre. Corajosa, ela mandou que a levassem doente, para a porta, diante dos inimigos, colocando à sua frente uma caixinha de prata revestida de marfim, onde guardavam com suma devoção o Corpo do Santo dos Santos. Toda prostrada em oração ao Senhor, disse a Cristo entre lágrimas: “Meu Senhor, será que quereis entregar inermes nas mãos dos pagãos as vossas servas, que criei no vosso amor”? Amém.
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.