Franciscologia

Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o TRATADO DOS MILAGRES de Tomás de Celano. Sobre o milagre dos estigmas e o modo da aparição do Serafim que lhe apareceu.

Essa roupa, embora lhe conviesse mais ao seu propósito porque era um desejoso da pobreza, comprovou mais do que tudo como vivia nele o mistério da cruz, pois, na medida em que sua mente vestira por dentro o Senhor crucificado, assim o seu corpo vestiu por fora a cruz de Cristo (cfr. Gl 6,14), para que seu exército lutasse por Deus usando a insígnia com que Deus debelara as potências do mal. Não é verdade que Frei Silvestre, um de seus primeiros irmãos, homem de virtude consumada em tudo, viu sair de sua boca uma cruz de ouro, cujos braços abarcavam o mundo inteiro de forma admirável? Está escrito e comprovado por um relatório fiel que Frei Monaldo, famoso por sua vida, costumes e austeridade, viu uma vez com seus olhos corporais São Francisco crucificado, durante uma pregação de Santo Antônio sobre a cruz. Não é verdade que ele tinha o costume, e prescreveu a seus primeiros filhos que, quando vissem algo parecido com a cruz, prestassem a devida honra e a reverência? O sinal de que mais gostava era o Tau, único com que assinava os papéis de suas cartas e pintava as paredes das celas. Frei Pacífico, homem de Deus, agraciado por visões do céu, viu com os olhos da carne um grande Tau na testa do santo Pai, pintado com diversas cores e brilhando como ouro. Como é digno, tanto da razão humana como da fé católica que uma pessoa que tinha sido marcada com o admirável amor da cruz também se tornasse admirável pela honra da cruz! Por isso não há nada de mais verdadeiro do que o que nos foi contado sobre os estigmas da cruz. O modo da aparição foi este. Dois anos antes de entregar o espírito ao céu, no eremitério chamado Alverne, na província da Toscana, onde já estava todo entregue ao retiro da contemplação da glória celeste, teve uma visão de um Serafim posto numa cruz, com seis asas e pairando sobre ele, com as mãos e os pés pregados na cruz. Duas asas elevavam-se acima da cabeça, duas se estendiam para voar, duas cobriam o corpo todo (cfr. Is 6,2). Quando viu isso ficou muito espantado, mas, como não sabia o significado da visão, seu coração sentiu uma mistura de tristeza e de gozo. Alegrava-se pelo aspecto gracioso com que parecia ser olhado pelo Serafim, mas a crucificação o aterrorizava. Pôs-se a pensar profundamente no que aquele oráculo poderia significar, e seu espírito ficou ansioso por descobrir alguma coisa. Mas, enquanto dava voltas fora de si, perdeu a compreensão do que descobrira e nele se manifestou o sentimento. Pois logo começaram a aparecer em suas mãos e pés sinais de cravos, como vira um pouco antes no homem crucificado no ar. Suas mãos e pés dos pés (cfr. Jo 20,25), mas as pontas estavam do outro lado. As cabeças dos cravos, nas mãos e nos pés, eram redondas e negras, mas as pontas eram compridas e rebatidas, surgindo da própria carne e sobrando para fora do corpo. O lado direito também parecia perfurado por uma lança, atravessado por uma cicatriz que, muitas vezes, quando sangrava, molhava sua túnica e suas calças com o sangue sagrado.  …

Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.

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